Ciência
02/07/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 02/07/2024 às 14:00
Uma escultura do imperador Calígula feita 2 mil anos atrás foi identificada e recuperada sem querer por um especialista. O busto, com 13 centímetros de altura, era possivelmente usado como forma de adoração ao excêntrico líder durante a Roma Antiga em locais públicos, como altares ou templos.
O objeto feito de bronze foi recuperado de Herculano, uma das cidades destruídas pela erupção do vulcão Vesúvio ao lado de Pompeia. Anteriormente, acreditava-se que apenas sete estatuetas similares existiam em bom estado de conservação.
O imperador romano Calícula é tido como um dos personagens mais cruéis, depravados e insanos do período. Nomeador imperador com 24 anos em 37 d.C., ele tomou uma sequência de medidas polêmicas e impopulares, até ser assassinado após quatro anos de governo pela própria guarda.
Na última vez em que tinha sido visto, o busto pertencia ao escritor e político Horace Walpole, que faleceu em 1797. Ele foi o designer da própria mansão, um local chamado Strawberry Hill, que fica no sudoeste de Londres e abrigava também a sua coleção. Antes de Walpole, o dono do busto era Horace Mann, embaixador britânico na região da Florença.
Em uma venda realizada no local em 1842, porém, a estatueta foi adquirida por um colecionador chamado William Beckford e deixou de ter o paradeiro conhecido. Desde então, ela circulou por uma série de donos, mas sem todos saberem a identidade da figura retratada.
Por um tempo, acreditava-se que o homem em questão era Alexandre, o Grande, ou então "uma figura jovial" não identificada e esculpida durante o período do Renascimento.
Porém, uma curadora determinada chamada Silvia Davoli se deparou com o objeto ao examinar a coleção de um nobre britânico chamado sir John Henry Schroder — e imediatamente soube que a peça era mais rara do que parecia, mas sem ter a resposta completa.
A única pista para encontrar a imagem de Calígula era um desenho feito pelo artista John Carter, encomendado pelo dono da mansão. Mais tarde, Silvia se deparou com a ilustração e rapidamente juntou as peças. Ela então levou o busto a um especialista alemão, que confirmou que o bronze usado na composição datava de cerca de 2 mil anos.
Outra pista estava nos olhos da estatueta: ela tem traços de prata, material usado na Roma Antiga para diferenciar a retratação de imperadores. "Eles não faziam ideia de que era o Calígula. Eu fiquei muito feliz quando vi a estátua de bronze e fiz a conexão", comemora.