Como um continente que está subindo pode afundar o mundo

22/08/2024 às 14:002 min de leituraAtualizado em 22/08/2024 às 14:00

Você já imaginou um continente inteiro subindo de volta à superfície, como se estivesse se libertando de um grande peso? Pois é exatamente isso que está acontecendo na Antártida. Com o derretimento acelerado das suas camadas de gelo, o continente está se elevando, um processo que os cientistas chamam de elevação pós-glacial. E os efeitos disso podem ser enormes, especialmente para quem vive perto do nível do mar.

A Antártida tem perdido gelo em uma velocidade preocupante, liberando a pressão que há milênios mantinha o continente comprimido. Como resultado, o solo está começando a se levantar. 

Uma faca de dois gumes

Ilustração mostra como é o mecanismo de expulsão da água pelo continente. (Fonte: Terry Wilson et al. / Divulgação)
Ilustração mostra como é o mecanismo de expulsão da água pelo continente. (Fonte: Terry Wilson et al. / Divulgação)

Pense na Antártida como uma esponja gigantesca: antes, ela estava sendo pressionada por toda aquela massa de gelo, mas agora, com a redução desse peso, a terra está voltando a se expandir. Isso pode parecer uma boa notícia à primeira vista, mas a verdade é que esse processo é uma faca de dois gumes.

De acordo com os especialistas, essa elevação pode ter impactos enormes sobre o nível do mar em todo o planeta. 

Em um cenário ideal, onde as emissões de gases de efeito estufa são drasticamente reduzidas, a elevação da terra poderia compensar parte do aumento do nível do mar, preservando o gelo por mais tempo e minimizando os efeitos do aquecimento global. Nesse caso, a Antártida poderia contribuir para um aumento de até 1,7 metros no nível do mar até 2500, um valor considerável, mas controlável. 

Por outro lado, se continuarmos no ritmo atual de aquecimento global, o cenário se torna assustador

À medida que o gelo derrete rapidamente, a elevação do solo pode não ser capaz de acompanhar a velocidade do recuo das camadas de gelo. Isso significa que, em vez de reduzir o impacto no nível do mar, a elevação da terra pode acabar agravando o problema, potencialmente elevando os mares em até 19,5 metros no mesmo período.

Futuro submerso 

Elevação das águas pode trazer cenários de tragédia para quem mora em áreas costeiras. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
Elevação das águas pode trazer cenários de tragédia para quem mora em áreas costeiras. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)

Esse fenômeno ocorre porque o gelo da Antártida exerce uma atração gravitacional que puxa a água dos oceanos para perto do continente, criando uma camada extra e mantendo os níveis do mar mais baixos em outras regiões. Se o gelo continuar a derreter nas taxas atuais, essa atração diminuirá e as águas se redistribuirão, inundando áreas costeiras em outros continentes.

Esse fenômeno já está tendo consequências visíveis. Em regiões como a América do Norte, o aumento do nível do mar já começa a ameaçar cidades como Miami e Nova Orleans, onde a elevação do solo não é suficiente para compensar o aumento das águas. 

Para piorar, se o gelo da Groenlândia seguir o mesmo caminho, o impacto global será ainda mais devastador.

Como os cientistas alertam, a elevação da terra só será eficaz se conseguirmos reduzir significativamente nossas emissões de carbono e, com isso, desacelerar o aquecimento global. Caso contrário, estamos apenas adiando o inevitável: um futuro onde as cidades costeiras lutam para sobreviver à medida que o mar avança cada vez mais.

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