Ciência
16/12/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 16/12/2024 às 18:00
Ben Witten tinha apenas seis anos quando uma pedra diferente chamou sua atenção durante um passeio com a família na Shoreham Beach, no sul da Inglaterra. Ao pegar o belo item, ele não poderia imaginar que estava segurando um artefato de 50 mil anos.
Por três anos, o "objeto brilhante" ficou esquecido no quarto do menino, até que uma visita ao Worthing Museum mudou tudo. Ao ver uma exposição sobre a Idade da Pedra, Ben notou que a "pedra" que ele havia encontrado parecia incrivelmente semelhante aos machados em exibição. Essa coincidência marcaria o início de uma jornada arqueológica única.
Intrigado com a coincidência na aparência, Ben, com a ajuda de sua mãe, enviou fotos do achado ao curador do museu, James Sainsbury. A princípio, Sainsbury admitiu ter baixas expectativas. Ele frequentemente recebe mensagens sobre "pedras curiosas" que acabam sendo apenas isso: pedras.
Mas, ao ver a imagem, percebeu algo extraordinário. A peça era um machado de mão neandertal, uma ferramenta rara e icônica, usada há milhares de anos para cortar madeira, caçar ou quebrar ossos para extrair medula.
Segundo Sainsbury, esses machados são tão raros que muitos arqueólogos experientes jamais encontram um exemplar. O de Ben, feito de sílex, apresentava pouco desgaste, indicando que ficou protegido ao longo dos milênios. Isso levou especialistas a supor que ele pode ter sido dragado de depósitos submersos, como os do antigo território de Doggerland, hoje submerso no Mar do Norte, e transportado para a praia durante obras de contenção da erosão costeira.
A importância da descoberta não passou despercebida. Após confirmar a autenticidade do achado, Sainsbury levou o machado para exibição no Worthing Museum. Ben inicialmente hesitou em emprestar o artefato, mas acabou cedendo, compreendendo o valor de compartilhar a descoberta com o público.
O machado agora está em uma vitrine, atraindo visitantes e inspirando curiosos a ficarem atentos ao que podem encontrar por aí. Afinal, como destaca Sainsbury, grandes descobertas nem sempre exigem treinamento especializado. A história de Ben é um lembrete poderoso de que a curiosidade e um olhar atento podem desvendar segredos enterrados no tempo.
O jovem explorador, que já demonstrava interesse em arqueologia, viu sua paixão crescer com a experiência. Ele poderá reaver o machado em fevereiro, mas, por enquanto, o objeto ocupa o lugar que merece: uma exposição dedicada a conectar o presente com um passado remoto, em que os neandertais ainda habitavam a Terra.
Ao refletir sobre sua jornada, Ben e sua mãe compartilham o entusiasmo de ver um pequeno gesto transformar-se em um marco histórico. A pedra brilhante que ele quase perdeu e reencontrou várias vezes no quarto tornou-se um símbolo de como a curiosidade de uma criança pode iluminar capítulos esquecidos da história humana.