Ciência
23/10/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 23/10/2024 às 15:00
Uma importante descoberta arqueológica, a estatueta de um dragão de jade de cinco mil anos foi anunciada recentemente pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Desenterrado em uma antiga tumba em Chifeng, o artefato, considerado um símbolo de poder e realeza, é o maior dragão de jade já descoberto da civilização neolítica Hongshan.
Extraordinária cultura do nordeste da China, os hongshan habitaram as atuais províncias de Liaoning e Mongólia Interior entre os anos de 4700 a.C. e 2900 a.C. Eles são conhecidos por suas incríveis esculturas de jade e argila. Às vezes representavam seus dragões com “cara de porco” e outras criaturas simbólicas.
Além do sofisticado artesanato da antiga cultura, foram encontradas outras peças na tumba Hongshan: bacias de cerâmica pintadas, xícaras em forma de tripé, além de restos humanos. O conjunto fornece indícios importantes sobre os rituais e o dia a dia da cultura Hongshan.
Segundo o The Independent, foram desenterrados ao todo mais de 100 artefatos "estranhos" de jade, datados da Idade da Pedra na Mongólia interior. O túmulo escavado é o maior já descoberto naquela província.
Além do dragão maior, que é do tamanho da palma de uma mão e de cor verde-esmeralda, segundo a Xinhua, foram desenterrados outros dois dragões, também de jade, mas de cores diferentes, igualmente datados em cinco mil anos.
O monte funerário, uma estrutura elevada construída para enterros, tem uma tumba circular que fica ao norte de um altar quadrado e idade estimada entre 5 mil e 5,1 mil anos. "A variedade de artefatos de jade descobertos preenche lacunas importantes em nossa compreensão do uso de jade desta antiga civilização", afirmou o diretor do Instituto de Relíquias Culturais e Arqueologia, Sun Jinsong, ao Archaeology News.
Após a divulgação apoteótica da notícia pela agência estatal chinesa, destacando principalmente o ineditismo da descoberta, alguns pesquisadores não se mostraram tão impressionados com o artefato.
Para o acadêmico e arqueólogo israelense Gideon Shelach-Lavi, que já trabalhou no sítio arqueológico chinês, mas não esteve envolve na recente descoberta, apesar de "muito bom", o dragão de jade "não é tão único", explicou o professor de Estudos do Leste Asiático da Universidade Hebraica de Jerusalém ao Live Science.
Ele afirma que muitos artefatos parecidos com o dragão de jade já haviam sido desenterrados em outras tumbas da cultura Hongshan antes. Além disso, diz o pesquisador, os historiadores não são capazes de afirmar seguramente se esses objetos foram esculpidos com o objetivo de se parecerem com dragões.
E conclui: "Não sabemos realmente qual era o significado deles durante o período Neolítico, então chamá-los de 'dragões' é meio 'anacrônico".