Ciência
02/10/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 02/10/2024 às 21:00
A definição da água, geralmente citada nos dicionários como incolor, insípida e inodora, acaba ficando fixada em nossas mentes e raramente paramos para testar essa afirmação que temos ouvido desde os bancos escolares. No entanto, pesquisas científicas e observações detalhadas mostram que o precioso líquido não é na verdade incolor, mas possui uma leve tonalidade azul.
A conclusão às vezes soa paradoxal, pois basta encher qualquer copo transparente com água e ver que o líquido é translúcido. Mas isso acontece porque estamos observando o fluido em pequena escala, insuficiente para que nossos olhos percebam as cores, uma vez que a água absorve luz de forma muito sutil.
Para que o olho humano consiga perceber cor que, diga-se de passagem, não é uma propriedade inerente dos objetos, é preciso que a luz incida sobre eles e que haja uma interação luz/objeto/olho. No caso de um morango, por exemplo, ele parece vermelho porque as moléculas do pseudofruto absorvem seletivamente certos comprimentos de onda da luz visível, exceto (adivinhe!) a vermelha, que é refletida para os nossos olhos.
Exatamente como acontece com o morango, a água é azul pois suas moléculas absorvem um pouco mais de luz nas extremidades vermelha e amarela do espectro visível do que da extremidade azul. Assim, quando a luz branca passa através de um grande volume de água pura, mais luz azul é transmitida e refletida de volta para os nossos olhos.
O fenômeno óptico é conhecido como espalhamento Rayleigh, em homenagem ao físico britânico que primeiro o descreveu no século 19. Ele propôs que, quando a luz encontra partículas pequenas (como é o caso das moléculas de água ou ar), ela se espalha em todas as direções. Isso também explica por que o céu parece azul.
Saber que a água é ligeiramente azul não é só uma pegadinha da aula de ciências, mas tem profundas implicações para setores importantes como oceanografia, engenharia ambiental e até mesmo arte e design. Em documentários sobre a vida marinha, por exemplo, é essencial representar as cores reais do mundo submarino.
No dia a dia, esta compreensão das propriedades ópticas da água pode ser utilizada em tecnologias de purificação e monitoramento da qualidade da água, como filtração UV (ultravioleta), espectrofotometria UV-Vis, e outras.
Além disso, saber que a água é levemente azul, embora pareça incolor em nossos copos, nos lembra que não podemos confiar cegamente em nossos sentidos, mesmo de olhos bem abertos, para não passarmos batido em maravilhas que não percebemos por repetir o que nos vem de outras fontes.