Ciência
25/10/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 25/10/2024 às 09:00
O ferro-60 é um isótopo radioativo que intriga cientistas há décadas. Encontrado em sedimentos terrestres e lunares, ele não deveria estar por aqui de forma natural. A única explicação? Ele veio do espaço, resultado de explosões de estrelas massivas, as supernovas. A pergunta que fica é: quando e como ele chegou ao nosso planeta?
A Terra, assim como o restante do Sistema Solar, foi moldada por materiais provenientes dessas explosões cósmicas. Mas o ferro-60 tem uma particularidade que o torna especial: ele é radioativo, mas sua meia-vida de 2,6 milhões de anos permite que rastros dele ainda sejam detectados hoje. Isso torna o isótopo uma pista fundamental para entender eventos cósmicos que aconteceram milhões de anos atrás.
A origem do ferro-60 está ligada às supernovas, grandes explosões que ocorrem no fim da vida de estrelas gigantes. Nessas explosões, elementos como ferro, cobalto e níquel são espalhados pelo espaço em enormes quantidades. O ferro-60, criado nessas supernovas, acabou viajando pelo cosmos até atingir a Terra e outros corpos do Sistema Solar.
No nosso planeta, a presença de ferro-60 em sedimentos sugere que, há milhões de anos, a Terra foi bombardeada por partículas desse isótopo. Os cientistas acreditam que essas partículas chegaram até nós em eventos de explosão estelar relativamente próximos. Além disso, o mesmo fenômeno foi detectado em amostras coletadas na Lua, confirmando a origem extraterrestre do ferro-60.
O que torna o ferro-60 tão importante para os cientistas é que ele não apenas aponta para o passado das supernovas, mas também oferece pistas sobre a formação do Sistema Solar. Ele serve como uma "assinatura cósmica" deixada por esses eventos e nos ajuda a reconstruir a história de nosso canto do universo.
As descobertas de ferro-60 em sedimentos terrestres revelaram picos em sua concentração, que datam de períodos específicos da história da Terra. Estima-se que esses picos tenham ocorrido há cerca de 3,4 a 1,7 milhões de anos, com outro grande pico por volta de 8 milhões de anos atrás. Esses períodos coincidem com eventos de supernovas próximas, que podem ter jogado grandes quantidades de material radioativo na direção do nosso planeta.
Esses picos de ferro-60, curiosamente, também coincidem com períodos de resfriamento global. Alguns cientistas especulam que o material cósmico, acompanhado por raios cósmicos, pode ter influenciado o clima da Terra, embora isso ainda seja uma hipótese em investigação. O próprio ferro-60 não seria responsável pelas mudanças climáticas, mas os raios cósmicos poderiam ter contribuído para o aumento da cobertura de nuvens, afetando o clima global.
Outra questão levantada é se esses eventos podem se repetir no futuro. Embora o ferro-60 encontrado na Terra e na Lua seja um vestígio de explosões passadas, novas supernovas e outras explosões estelares continuam a acontecer em nossa galáxia. E, quem sabe, talvez mais vestígios desse isótopo misterioso voltem a atingir nosso planeta, trazendo novas pistas sobre a dinâmica do universo.