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25/04/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 25/04/2024 às 08:00
Segundo alguns vestígios encontrados da extinta espécie humanoide Homo erectus em ilhas remotas, nossos parentes próximos podem ter construído barcos e navegado pelos oceanos há milhões de anos — o que exigiria capacidades avançadas de comunicação.
Contudo, um novo estudo científico encontrou algumas falhas nessa teoria, concluindo em última análise que ela não possui todos os dados suficientes para ser comprovada.
A primeira vez que o Homo erectus aparece nos registros arqueológicos ocorreu há 2 milhões de anos, quando a espécie se espalhou pela Eurásia antes de desaparecer há pouco mais de 100 mil anos. Estudos anteriores sugerem que esses parentes próximos da nossa espécie teriam chegado às ilhas de Flores, no Oceano Indico, e a Creta, no Mediterrâneo.
Assim surgiu a teoria de que esses hominídeos possuíam competências linguísticas avançadas para construir colaborativamente navios aptos a conduzir grandes quantidades de indivíduos pelos mares turbulentos. Porém, essa é uma teoria que encontrou forte resistência no meio científico por um excesso de motivos.
Um novo estudo realizado pelo professor de linguística da Universidade de Stellenbosch, Rudolf Botha, foi um dos primeiros a contrariar a tese. Segundo ele, seria exagerado presumir que espécies antigas teriam conseguido pisar em Creta no passado. O porquê? Nenhum fóssil de H. erectus foi encontrado na ilha até o momento.
Além disso, embora ferramentas pré-históricas achadas na região tenham sido previamente associadas à espécie, muitos estudiosos acham mais provável terem sido construídas por Neandertais. Enquanto isso, em Flores, os restos humanos mais antigos já descobertos pertencem ao famoso grupo Homo floresiensis.
Com essas informações em mãos, os pesquisadores acreditam que não é totalmente certo que o H. erectus tenha realmente chegado a qualquer uma das ilhas citadas anteriormente, por mais que Botha admita que isso pareça ser mais provável em Flores do que no caso de Creta.
Se isso não bastasse, o pesquisador também destaca que, mesmo que a antiga linhagem humana tenha navegado para Flores, isso também não significa que eles tenham necessariamente feito o uso ou construído barcos para realizar essa viagem. Em seu estudo, Botha ressalta que o H. erectus pode eventualmente ter parado na região depois de ter sido arrastado acidentalmente para o mar em "jangadas naturais" feitas de vegetação local.
Ainda não está claro como essas viagens involuntárias teriam ocorrido, mas estudos sugerem que tsunamis e ciclones podem ter desempenhado um papel importante. De qualquer maneira, nenhum pesquisador ousou dizer que os antigos hominídeos careciam definitivamente de habilidades linguísticas.
Alguns dados indicam que a capacidade do H. erectus de criar ferramentas simétricas, combinada com seu grande tamanho cerebral, pode mostrar que eles eram inteligentes o suficiente para falarem.