Gemido misterioso no local mais fundo do oceano é identificado

25/09/2024 às 06:002 min de leituraAtualizado em 25/09/2024 às 06:00

Um dos lugares mais inexplorados da Terra, a Fossa das Marianas, um abismo de 11 mil metros de profundidade localizado no Oceano Pacífico ocidental, tem produzido periodicamente uma espécie de gemido metálico, que os cientistas chamaram de “biotwang”. Embora atribuído a uma baleia-de-barbatana, nunca houve contato visual para confirmar isso.

Agora, passados dez anos da primeira gravação de biotwang, feita por planadores subaquáticos, pesquisadores da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) se juntaram a uma equipe do Google que trabalha em uma ferramenta de IA para identificar vocalizações de baleias.

Descrita em um artigo publicado recentemente na revista Frontiers in Marine Science, a parceria resultou em uma feliz combinação de dados de pesquisa visual com a acústica coletada no arquipélago das Marianas. Isso levou os cientistas a identificar a emissora do biotwang: a baleia-de-bryde (Balaenoptera brydei).

Biotwang: os sons misteriosos da Fossa das Marianas

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A Fossa das Marianas é o ponto mais profundo dos oceanos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

O biotwang começa com um som baixo e murmurante reverberando nas profundezas do mar, seguido por um toque metálico agudo, que os pesquisadores compararam aos sons produzidos pelas naves especiais dos filmes Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas.

Embora tenham ficando completamente confusos sobre o que estava produzindo aquilo, os pesquisadores se manifestaram novamente em 2016, afirmando que a parte "bio" do som havia sido produzida possivelmente por baleias-azuis (Balaenoptera musculus) ou baleias jubarte (Megaptera novaeangliae), mesmo não sendo um chamado de baleia conhecido.

Como os pesquisadores descobriram a origem do ruído misterioso?

Um acúmulo de baleias-de-bryde nas Marianas em 2016 forneceu a pista definitiva para o biotwang. (Foto: Getty Images/Reproduçao)
Um acúmulo de baleias-de-bryde nas Marianas em 2016 forneceu a pista definitiva para o biotwang. (Foto: Getty Images/Reprodução)

Para testar suas hipóteses, os pesquisadores usaram ferramentas de IA para vasculhar mais de 200 mil horas de gravações de sons do oceano. Depois combinaram os ruídos com os padrões de migração das baleias-de-bryde, depois de flagrar nove de dez espécimes emitindo um som parecido com o biotwang perto das ilhas Marianas.

Depois que o algoritmo de aprendizado de máquina concluiu a análise das gravações de áudio, os pesquisadores descobriram que o biotwang só era ouvido no noroeste do Pacífico, indicando ser uma população específica de baleias chamando. Mas o que matou definitivamente a charada foi um aumento de ruídos em 2016, quando o El Niño provocou um aumento no número de baleias-de-bryde na área.

Até agora os autores não conseguiram descobrir por que essas chamadas têm um som tão bizarro, diz a primeira autora, Ann Allen, à Popular Science. "É possível que elas usem o biotwang como uma chamada de contato, uma espécie de 'Marco Polo' do oceano", compara ela com o jogo pique-pega de piscina onde o caçador grita “Marco”, e os caçados respondem “Polo”.

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