James Webb complica cosmólogos ao confirmar previsão do Hubble

18/03/2024 às 18:032 min de leituraAtualizado em 21/03/2024 às 10:52

A questão da expansão do Universo é como um daqueles quebra-cabeças que você acha que resolveu, mas de repente percebe que as peças simplesmente não se encaixam direito. Isso porque os cosmólogos têm enfrentado alguns problemas para determinar a taxa de expansão de forma definitiva, pois os modelos utilizados até o momento dão respostas diferentes.

Numa forma de resolver essa divergência, uma equipe de físicos da Universidade John Hopkins resolveu utilizar o Telescópio Espacial James Webb para verificar se a medição feita pelo Telescópio Hubble estava correta. O resultado confirmou que o Hubble apontava, mas isso só gerou mais problemas. 

A Tensão de Hubble

O telescópio Hubble abriu os nossos olhos para o Universo. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
O telescópio Hubble abriu os nossos olhos para o Universo. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

O primeiro passo para entender o problema gerado é conhecer aquilo que os cientistas apelidaram carinhosamente de "Tensão de Hubble".

Imagine duas réguas diferentes medindo a mesma mesa e dando resultados diferentes. A Tensão de Hubble é mais ou menos isso. De forma simples, tal tensão é gerada pelo fato de existir atualmente cálculos distintos para expressar a real taxa de expansão do Universo.

Para o Hubble, o Universo, esse vasto e misterioso domínio de estrelas e galáxias, está se expandindo a uma taxa desconcertante de aproximadamente 72 quilômetros por segundo por megaparsec (o megaparsec é uma unidade astronômica equivalente a cerca de 3,26 milhões de anos-luz). 

Já para as observações feitas pela Missão Planck, tendo como base a Radiação Cósmica de Fundo em Micro-ondas (RCFM) — uma radiação eletromagnética oriunda do início do Universo —, os cálculos apontam para um resultado totalmente diferente, algo perto de 68 quilômetros por segundo por megaparsec. 

Inicialmente, os físicos acreditavam que possivelmente os dados do Hubble estariam errados, indicando algum equívoco na interpretação de suas informações coletadas, sendo assim um erro humano. 

É justamente aqui que entra o Telescópio James Webb. A equipe da Universidade John Hopkins usou a medição feita pelo Hubble e também novos dados gerados pelo Webb a partir de estrelas variáveis Cefeidas (estrelas altamente brilhantes que pulsam continuamente, variando assim seu brilho) em galáxias distantes. Com isso, os pesquisadores eliminaram a possibilidade de erros de medição e concluíram que, ao contrário do que muitos achavam, o Hubble estava correto.

Então o Hubble venceu?

A real taxa de expansão do Universo ainda é um mistério. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)
A real taxa de expansão do Universo ainda é um mistério. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

De forma breve, não. Na verdade, só aumentou o tamanho do problema. Com a conclusão da pesquisa, os cientistas confirmaram não apenas a precisão das medições do Hubble, mas também a existência de uma discrepância real entre diferentes métodos de medição. 

Isso abre um leque de perguntas que vai tirar as noites de sono de muitos pesquisadores nos próximos anos.

Estaria a física fadada a ter de rever vários de seus conceitos? Ou seriam os cientistas que estavam observando o Cosmos de forma equivocada todo esse tempo? Ou será que ambos os cálculos estão certos, mostrando que existem diversas características no tecido do espaço-tempo do Universo que ainda não compreendemos direito?

Como se pode ver, o que restam agora são mais perguntas do que respostas. Só com o desenvolvimento de mais pesquisas, observações e análises é que os cientistas conseguirão desvendar esse mistério. 

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