Artes/cultura
11/07/2024 às 14:03•2 min de leituraAtualizado em 11/07/2024 às 14:03
Um grupo de trabalhadores de construção civil descobriu na Itália um jardim de 2 mil anos que pertenceu ao imperador romano Calígula. Com vista para as margens do rio Tibre, que corta Roma e fica a leste da Cidade do Vaticano, as ruínas do jardim foram desenterradas enquanto os funcionários construíam um novo viaduto na região, declarou o Ministério da Cultura italiano em comunicado oficial.
Posteriormente, arqueólogos foram chamados para estudar o local e, enquanto removiam destroços, encontraram um cano de água de chumbo com a inscrição "C(ai) Cæsaris Aug(usti) Germanici", que se referia a Caio César Augusto Germânico — o famoso Calígula.
Graças à inscrição encontrada nas ruínas, os pesquisadores passaram a acreditar que o jardim muito provavelmente pertenceu ao infame imperador romano. Calígula não era apenas conhecido por ser um líder tirânico, mas se "destacava" por ser um sádico que adorava humilhar o seu senado.
Ele assumiu o trono em 37 d.C., mas seu comando só durou quatro anos. Em 41 d.C., a Guarda Pretoriana — os oficiais responsáveis por defender o imperador — acabou assassinando-o. O jardim de Calígula é apoiado por uma passagem existente no livro "Sobre a Embaixada de Gaio", escrito pelo filósofo egípcio Filo de Alexandria. Em seus textos, ele descreve como o imperador se encontrou com um representante dos judeus que viviam em Alexandria, no Egito, em um grande jardim ao longo do Tibre.
Nesse período histórico, os judeus alexandrinos e a população greco-alexandrina passavam por fortes episódios de violência, brigas e intolerância religiosa. Mesmo assim, Calígula rejeitou todos os pedidos de autonomia religiosa dos judeus e permaneceu ao lado dos gregos.
Em comunicado oficial, o arqueólogo Alessio De Cristofaro, membro de uma agência governamental de Roma, disse que a descoberta do jardim de Calígula é extremamente significativa, uma vez que o viaduto Piazza Pia fica na mesma área que o "Horti Agrippinae", o jardim da mãe do imperador, Agripina.
O cano de chumbo também é semelhante a outro encontrado no início dos anos 1900 com a inscrição Iulia Augusta, segunda esposa de Augusto e avó de Germânico — pai de Calígula. Pesquisadores especulam que a propriedade foi herdada por Germânico e depois passada para a sua esposa Agripina antes de ir para Calígula.
Além do cano, os arqueólogos também encontraram placas de cerâmica da Era Romana e figuras de terracota de cenas mitológicas que teriam decorado telhados da construção. A expectativa é que os pesquisadores descubram mais sobre o local após explorações mais aprofundadas.