Madeira que brilha no escuro? Graças à bioluminescência, a novidade pode virar febre

12/12/2024 às 06:002 min de leituraAtualizado em 12/12/2024 às 06:00

Já imaginou que a madeira, esse material super comum, poderia brilhar no escuro? Pois é, cientistas fizeram isso acontecer e o resultado é algo bem próximo de um cenário futurista. Graças a um fungo bioluminescente, pesquisadores criaram madeira que brilha sozinha, sem precisar de luz externa. O fenômeno natural conhecido como "foxfire", que já encantou muita gente na natureza, agora foi incorporado à ciência, abrindo portas para novas possibilidades.

O projeto que levou à criação dessa madeira luminosa foi liderado por Francis Schwarze, pesquisador do laboratório de Materiais Celulósicos e Madeiras da Empa, na Suíça. A ideia era encontrar um uso mais sustentável para a madeira, que hoje é usada principalmente na queima, e a solução veio através do Desarmillaria tabescens, um fungo que libera luciferina. Esse composto é o responsável pelo brilho natural que, agora, pode ser recriado em peças de madeira.

Como o fungo cria o brilho na madeira

Um toque de magia natural: o fungo Desarmillaria tabescens transforma madeira em uma peça brilhante sem perder sua resistência. (Fonte: Wikimedia Commons)
Um toque de magia natural: o fungo Desarmillaria tabescens transforma madeira em uma peça brilhante sem perder sua resistência. (Fonte: Wikimedia Commons)

O fungo Desarmillaria tabescens é o protagonista nesse processo. Embora não seja o único fungo bioluminescente, ele se mostrou ideal para o experimento, pois consegue infiltrar-se na madeira sem comprometer sua estrutura. Ao se espalhar pela madeira, o fungo degrada a lignina, mas preserva a celulose, que mantém a madeira forte e resistente. 

Esse processo cria um híbrido entre a natureza e a matéria, no qual a madeira ganha a capacidade de brilhar no escuro, sem perder suas características funcionais. Após o fungo colonizar a madeira por cerca de três meses, o brilho acontece quando a madeira é exposta ao ar. 

Nesse momento, ocorre uma reação enzimática que resulta na emissão de uma luz verde com um comprimento de onda de 560 nanômetros. Esse brilho dura cerca de 10 dias, mas os pesquisadores estão otimistas e trabalham para aumentar a intensidade e a durabilidade dessa bioluminescência, o que pode abrir novas possibilidades para o uso desse material.

Potenciais aplicações e o futuro da madeira luminosa

Pequenos blocos de madeira bioluminescente ganham vida ao brilhar no escuro. (Fonte: Francis Schwarze/Reprodução)
Pequenos blocos de madeira bioluminescente ganham vida ao brilhar no escuro. (Fonte: Francis Schwarze/Reprodução)

Agora que o conceito de madeira luminosa se tornou realidade, as possibilidades de uso desse material são inúmeras. Desde sinalização para parques que brilha à noite até elementos decorativos para casas, a madeira bioluminescente pode revolucionar a forma como pensamos na construção e no design. 

Além disso, como esse processo é feito utilizando um fungo natural, ele oferece uma alternativa mais sustentável em relação ao uso convencional da madeira. A equipe de Schwarze, que lidera a pesquisa, está otimista com o futuro desse material.

"Estamos otimizando os parâmetros de laboratório para aumentar ainda mais a luminosidade", afirmou Giorgia Giovannini, pesquisadora da Empa. Com mais de 70 espécies de fungos bioluminescentes conhecidas, a esperança é que essa tecnologia seja aprimorada, oferecendo um produto cada vez mais funcional e com maior aplicabilidade no dia a dia.

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