Artes/cultura
08/11/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 08/11/2024 às 03:00
Um levantamento global inédito revelou um dado preocupante para a natureza e para o planeta como um todo: mais de 30% das espécies de árvores do mundo correm risco de extinção. O estudo, liderado pelo Global Tree Assessment, levou dez anos para ser concluído e contou com a colaboração de mais de mil especialistas. Ele analisou 47.282 espécies de árvores, das quais 16.425 estão oficialmente ameaçadas.
O dado impressiona não apenas pelo número em si, mas também porque supera a quantidade de aves, mamíferos, répteis e anfíbios ameaçados de extinção juntos. O inventário, incluído na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), expõe a vulnerabilidade dos ecossistemas florestais e destaca o papel das árvores na preservação do equilíbrio ambiental e no combate à crise climática.
Um dos pontos de alerta no estudo foi o alto índice de árvores ameaçadas em áreas insulares. Em ilhas, as espécies enfrentam desafios adicionais devido à invasão de espécies exóticas e às doenças, que se espalham mais rapidamente em ecossistemas menores e com menor diversidade.
Mesmo na América do Sul, a região com a maior diversidade de espécies arbóreas, 25% das árvores analisadas estão ameaçadas. E esse número pode aumentar, pois muitas espécies da região ainda não foram descritas pela ciência. Segundo a doutora Eimear Nic Lughadha, do Royal Botanic Gardens, “muitas das novas espécies descobertas na América do Sul já chegam à ciência com alto risco de extinção”.
Com o aquecimento global e a expansão da agricultura, o desmatamento avança em ritmo acelerado, afetando principalmente áreas tropicais. Para essas florestas, cada nova árvore ameaçada representa uma perda significativa de biodiversidade e contribui para o desequilíbrio dos ecossistemas locais.
As árvores desempenham um papel vital não só para a fauna e a flora, mas também para os seres humanos. Elas ajudam a regular o clima, capturam carbono e sustentam a vida de inúmeras espécies. Segundo Dave Hole, vice-presidente de Soluções Globais do Conservation International, “florestas diversas e saudáveis são essenciais para mitigar as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade”.
Assim, cada nova espécie de árvore ameaçada aumenta a urgência de ação. Para os cientistas e ambientalistas, o levantamento representa um avanço fundamental para entender as áreas mais críticas e agir com precisão na proteção das árvores. “Essa avaliação foi um trabalho imenso e precisa ser comemorada”, conta Jean-Christophe Vié, da Fondation Franklinia. Segundo ele, agora é possível direcionar esforços de maneira mais eficiente para combater a crise de extinção.
Se existe um lado positivo no cenário alarmante, é que esses dados nos mostram onde concentrar as ações de preservação. Não há desculpa para não agirmos, não é mesmo?