Artes/cultura
08/08/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 08/08/2024 às 16:00
Agora é oficial. Depois de minimizar durante semanas os problemas existentes na espaçonave Boeing Starliner, a NASA admitiu na quarta-feira (7) que os defeitos podem ser mais complicados do que se pensava. Dessa forma, os astronautas Suni Williams e Butch Wilmore não voltarão mais na nave de testes da empresa de Arlington.
A agência espacial finalmente assumiu adotar um plano de backup que, a essa altura, parece ser a única alternativa viável: trazer a dupla de volta à Terra de carona em uma nave da concorrente da Boeing, a SpaceX. O problema é que a permanência de Williams e Wilmore, prevista para apenas oito dia, será estendida até fevereiro de 2026.
A possível alternativa incluiria a opção de deixar vazios dois dos quatro assentos da nave espacial Crew Dragon. Dessa forma, os dois contratados da Boeing passariam, oficialmente, a fazer parte da missão Crew-9 da SpaceX, retornando da ISS cerca de oito meses depois do prazo originalmente programado para o seu retorno. Se isso acontecer, a problemática nave Starliner seria desacoplada e cairia no oceano de forma autônoma.
Em uma coletiva de imprensa, o gerente do programa de tripulação comercial da NASA, Steve Stich, reconheceu que a agência vem trabalhando nos detalhes desse plano de resgate com a SpaceX desde o início de julho. Segundo ele, a empresa de Elon Musk já preparou a Crew Dragon para voar à ISS com apenas dois tripulantes, se necessário, e teriam inclusive identificado os trajes espaciais para Williams e Wilmore usarem na Dragon.
Essa indecisão dos oficiais da NASA em definir o destino da Starliner fez com que o cronograma original do lançamento da Crew Dragon, programado para 18 de agosto, fosse adiado pelo menos até o dia 24 de setembro.
A decisão também altera alguns pontos na logística da missão, como configurar o veículo espacial e treinar a tripulação para operar com a opção de duas pessoas a bordo. Perguntado qual dos quatro astronautas da Crew-9 seriam retirados para dar espaço, Stich se recusou a comentar.
O que fez a NASA desistir de vez do plano de liberar a Starliner para os astronautas voltarem foi o teste em solo de um propulsor semelhante ao defeituoso, nas instalações de teste da agência, em White Sands, Novo México. O equipamento revelou uma clara degradação após os testes. Uma surpresa, segundo Stich que "aumentou o nível de desconforto".
Conforme o The New York Times, uma quantidade excessiva de calor parece ter se acumulado no interior do propulsor, fazendo com que suas vedações de Teflon inchassem e se expandissem. Com isso o fluxo de propelente (combustível) teria ficado restrito e comprometido.
O anúncio da NASA acaba sendo um revés constrangedor para a Boeing que, além de vários atrasos no chamado Commercial Crew Program, ainda terá que assistir seus astronautas serem resgatados pela nave de sua principal concorrente.