O estranho exoplaneta que deveria ser apenas uma rocha, mas não é

09/07/2024 às 09:002 min de leituraAtualizado em 09/07/2024 às 09:00

Um dos interesses de astrônomos ao olhar para outros sistemas solares, é compreender um pouco melhor o nosso. Sistemas mais recentes nos oferecem uma visão do nosso próprio passado, enquanto sistemas mais velhos nos ajudam a projetar o nosso futuro.

Esse foi um dos motivos que fizeram com que a descoberta de um exoplaneta chamasse tanto a atenção de cientistas. Batizado de TIC365102760 b, mas apelidado de Fênix, ele está seis vezes mais próximo de sua estrela do que Mercúrio está do nosso sol. E foi exatamente isso que mais impressionou os astrônomos, porque a estrela em questão não é um objeto pequeno, mas um gigante vermelho.

Perto demais do sol

(Fonte: GettyImages)
Fênix surpreendeu os astrônomos por sua condição incomum. (Fonte: Getty Images)

A proximidade com uma estrela deveria significar uma condição pouco favorável para um planeta com atmosfera. Até então, os astrônomos acreditavam que nessas condições ele não deveria passar de uma rocha.

Mas Fênix apresenta uma atmosfera muito maior e menos densa do que seria esperado. Segundo Sam Grunblatt, astrofísico da Universidade Johns Hopkins que liderou o estudo sobre a descoberta, este é o menor planeta — e com a menor massa — já encontrado ao redor de um gigante vermelho. Isso contraria tudo o que se sabia até então.

Para que pudessem obter os detalhes sobre Fênix, a equipe trabalhou com dados do Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS, na sigla em inglês) da Nasa. Depois, eles cruzaram esses dados com medições do Observatório W.M. Keck, no Havaí. 

Foi assim, por exemplo, que os astrônomos descobriram que o exoplaneta orbita sua estrela a cada 4,2 dias. O TESS obtém seus dados a partir da interferência de planetas como Fênix na emissão do brilho de uma estrela, ao passarem na sua frente.

Compreendendo o futuro da Terra

(Fonte: GettyImages)
Condição de Fênix pode oferecer novas possibilidades para o futuro da Terra. (Fonte: Getty Images)

Gigantes vermelhas são estrelas muito grandes — podendo ser até 200 vezes maiores que o nosso sol. Seu tamanho afeta a órbita dos planetas, o que faz com que eles comecem a se aproximar cada vez mais, até que sejam destruídos. Os astrônomos acreditam que isso deve acontecer com Fênix em cerca de 100 milhões de anos.

Porém, antes disso seria esperado que a atmosfera do planeta fosse completamente consumida. O que os dados obtidos pelo estudo revelaram é que isso pode não acontecer antes da morte de Fênix.

Esse também pode ser o futuro da Terra. O Sol irá se expandir o suficiente para engolir Mercúrio, Vênus, a Terra e, possivelmente, Marte. A estimativa é que isso deve ocorrer em cerca de 5 bilhões de anos, e, até então, parecia ser o destino mais provável. A descoberta de Fênix e sua atmosfera sobrevivendo em condições tão extremas sugere que pode existir um caminho diferente para a Terra, quando chegar a sua vez.

“Não entendemos muito bem a evolução tardia dos sistemas planetários, e ainda temos um longo caminho a percorrer nesse sentido” disse Grunblatt. “Isso está nos dizendo que talvez a atmosfera da Terra não evolua exatamente como pensávamos”.

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