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29/08/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 29/08/2024 às 12:00
Em 1977, um sinal misterioso vindo do espaço profundo fez o astrônomo Jerry Ehman escrever "Wow!" ("uau!", em bom português) nas margens dos dados capturados pelo radiotelescópio Big Ear, da Universidade Estadual de Ohio. Esse sinal, que durou apenas 72 segundos, intrigou a comunidade científica por décadas, com muitos especulando que poderia ser uma tentativa de comunicação alienígena. Mas, após quase 50 anos de mistério, uma nova pesquisa sugere que o famoso "sinal Wow!" pode ter uma explicação mais simples — e fascinante.
A busca por respostas começou com uma equipe liderada por Abel Méndez, astrobiólogo da Universidade de Porto Rico em Arecibo, que não estava inicialmente focada em resolver o enigma do sinal Wow!. Na verdade, o interesse surgiu por acaso, quando Méndez assistiu a um vídeo online sobre o assunto. Foi então que ele percebeu que poderia encontrar pistas sobre a origem desse sinal enigmático nos dados coletados pelo antigo Observatório de Arecibo.
Ao vasculhar os arquivos do projeto de Emissões de Rádio de Estrelas Anãs Vermelhas (REDS), Méndez e sua equipe descobriram sinais de banda estreita semelhantes ao sinal Wow!, mas significativamente mais fracos. Esses sinais pareciam originar-se de uma estrela anã vermelha chamada Estrela de Teegarden, localizada a apenas 12,5 anos-luz da Terra.
A pesquisa revelou que esses sinais poderiam ter sido causados por nuvens interestelares de hidrogênio frio, estimuladas por uma fonte de radiação extremamente forte, como um magnetar — uma estrela de nêutrons com campos magnéticos intensos.
Os magnetares, remanescentes de estrelas que explodiram como supernovas, possuem campos magnéticos tão poderosos que podem gerar explosões de radiação detectáveis a grandes distâncias no espaço. Quando essa radiação interage com nuvens de hidrogênio, ela pode criar um fenômeno conhecido como maser — um tipo de laser natural que emite micro-ondas.
Essa interação poderia explicar a intensidade e a banda estreita do sinal Wow!, que foi detectado perto da linha de hidrogênio, uma faixa de frequência de 1420 MHz, considerada um ponto de referência no espectro eletromagnético.
Essa teoria é especialmente interessante porque explica a singularidade do sinal: a combinação rara de um magnetar e uma nuvem de hidrogênio perfeitamente alinhados para emitir um pulso tão poderoso. Isso também justifica por que o sinal nunca foi captado novamente. A equipe de Méndez agora se dedica a testar essa hipótese no Very Large Telescope, no Chile, em busca de dados que possam confirmá-la.
Obviamente que fica a frustração por parte daqueles que nutriam a esperança de o famoso sinal ser a manifestação de alguma civilização alienígena. Contudo, as evidências trazidas pelo estudo são também muito importantes, pois apontam para um fenômeno natural igualmente impressionante e muito difícil de se detectar.
Por isso, a pesquisa de Méndez não apenas avança na compreensão desse enigma cósmico, mas também adiciona uma nova camada de complexidade às nossas observações do universo.
Cada descoberta como essa nos lembra que o espaço é cheio de mistérios — e que a resposta para alguns deles pode estar escondida nas forças extremas e nas condições raras que moldam o cosmos. E cabe lembrar que a busca por vida além da Terra continua, mas, enquanto isso, o "Uau!" permanece como um testemunho das maravilhas naturais do universo.