Artes/cultura
25/05/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 25/05/2024 às 16:00
Quando falamos sobre seres parasitários, instintivamente pensamos em repulsa ou algo que só existe no mundo para se beneficiar da existência dos outros. Porém, novos estudos têm demonstrado que a ação dos parasitas na natureza pode ser algo benéfico como um todo e que a Terra não está pronta para viver sem esse tipo de criatura.
Alguns desses parasitas podem realmente controlar a mente de seus hospedeiros. Por exemplo, eles podem fazer com que ratos procurem o cheiro da urina de gatos ou até mesmo transformar seus hospedeiros em comida. Sendo assim, seus efeitos em cascata são capazes de remodelar paisagens inteiras de uma maneira surpreendente.
Em uma matéria publicada na revista Grist, a ecologista de parasitas na Universidade de Washington Chelsea Wood falou mais sobre a sua experiência lidando com parasitas como pesquisadora. Na década de 1960, um dos mentores de Wood coletou amostras de caranguejos costeiros em Titlow Beach, no estado de Washington.
Na época, a região era muito industrial e fortemente poluída. Porém, meio século depois, a praia havia se transformado. A água estava mais limpa do que antes e aves limícolas haviam retornado para a paisagem. Além disso, os caranguejos agora estavam cheios de vermes trematódeos, um tipo de parasita que salta entre espécies.
A presença desses parasitas, segundo Wood, era um sinal de que as aves limícolas estavam bem e também de que muitos ecossistemas podem realmente precisar de parasitas para sobreviver. "Se os parasitas estão lá, você sabe que o resto dos hospedeiros também estão lá. E dessa forma sinalizam sobre a saúde do ecossistema", pontuou a pesquisadora.
De acordo com Wood, a ideia de que parasitas são benéficos encontra uma relação com outra classe: os predadores. Durante décadas, muitas comunidades tratavam os predadores como uma espécie de verme e foram motivados a matar lobos, ursos, coiotes e tantos outros seres para proteger a si e suas propriedades. Porém, eles eventualmente notaram consequências importantes.
A ausência de lobos em Yellowstone, por exemplo, fez com que o número de alces crescesse descontroladamente. Por conta disso, rebanhos imensos afastavam animais de riachos e rios na região, incluindo castores nativos. Sem castores para construir represas, os lagos desapareceram e o lençol freático foi prejudicado — mudando a paisagem por completo.
O mesmo vale para os parasitas. Sem eles, diversos ciclos da natureza seriam interrompidos, remodelando potencialmente o mundo na totalidade. Wood afirma que é importante que as pessoas entendam que os parasitas desempenham papéis enormes e complexos na natureza. Se ignorarmos essa informação, arriscamos perder a compreensão de como o mundo realmente funciona.
Afinal, esses seres fazem parte da biodiversidade e estão fazendo coisas realmente importante nos ecossistemas em que estão inseridos. Logo, precisamos deles para que tudo siga no lugar que deveria.