Artes/cultura
17/07/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 17/07/2024 às 18:00
A Antártida é um continente envolto por uma vasta camada de gelo, com uma espessura média de 2,2 quilômetros, que esconde um mundo intrigante sob sua superfície aparentemente monótona. Ao contrário do Ártico, a Antártida é uma massa continental de terra firme, adornada por montanhas rochosas, vulcões ativos e profundos cânions, que presenciaram milhões de anos de transformações geológicas.
Graças a décadas de avanços em tecnologia de satélite e radar, os cientistas conseguiram mapear detalhadamente o relevo escondido sob o gelo antártico. Um dos projetos mais notáveis foi o BedMachine Antarctica, publicado em 2019.
Em uma colaboração de 19 institutos de pesquisa globais, incluindo a NASA e a National Science Foundation dos EUA, o projeto utilizou dados de satélite e técnicas avançadas de radar para criar um mapa detalhado da topografia antártica. Além de mapear os contornos das montanhas e os vales ocultos sob o gelo, o BedMachine Antarctica também proporcionou informações sobre a dinâmica das camadas de gelo que cobrem mais de 97% do continente.
Esses dados são fundamentais para o entendimento da geografia antártica e para os estudos sobre mudanças climáticas, e contribuem para previsões mais precisas sobre o impacto do aquecimento global nesse ecossistema único.
Um dos achados mais impressionantes do mapeamento foi o cânion sob a geleira Denman, situado a incríveis 3.500 metros abaixo do nível do mar, o ponto mais profundo em terra firme. Antigos mapas subestimavam a profundidade desse cânion, essencial para o fluxo de gelo na região.
Além dos cânions profundos, a Antártida abriga uma surpreendente atividade vulcânica. Até o momento, foram identificados mais de 138 vulcões na região ocidental, com destaque para o Monte Erebus, o vulcão ativo mais alto e meridional do planeta.
Recentemente, os cientistas exploraram uma área de 32 mil quilômetros quadrados na Antártida Oriental e revelaram uma paisagem esculpida por rios há mais de 14 milhões de anos. Essas descobertas fornecem um vislumbre do passado geológico remoto do continente e ajudam a prever como a camada de gelo pode evoluir diante das mudanças climáticas futuras.
Embora a imagem convencional da Antártida seja a de um deserto gelado e estático, a realidade é um cenário dinâmico e monumental, repleto de segredos e histórias surpreendentes. Os avanços científicos continuam a revelar a complexidade e a beleza ocultas desse continente único, oferecendo um vislumbre sem precedentes de como a Terra se transforma ao longo do tempo.