Artes/cultura
17/04/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 17/04/2024 às 14:00
Quando falamos da Antártica, uma das primeiras imagens que vem à mente é a de um horizonte coberto por neve, então faz sentido que muitos não saibam da quantidade absurda de vulcões que existem por lá. Atualmente, se sabe de pelo menos 138 vulcões presentes no continente, sendo que 91 deles só foram descobertos durante um estudo publicado em 2017 na Geological Society. Para ter noção, essa já é considerada como a maior região vulcânica da Terra.
É claro que o cenário gelado da Antártica não é o que imaginamos quando pensamos em vulcões jorrando lava, então aqui fica o questionamento: eles entram em erupção nessas condições?
Se para nós, que somos leigos no assunto, a dúvida de se vulcões cobertos de gelo podem entrar em erupção parece difícil de responder, a questão não é tão diferente assim para os especialistas. De acordo com geologistas, isso depende totalmente do vulcão específico e não dá para avaliá-los de forma geral.
Ainda segundo o estudo realizado em 2017, sabemos que a maioria desses vulcões são considerados "jovens", mas isso não ajuda muito a fazer uma distinção certeira deles serem ativos ou não. Neste momento, apenas dois vulcões localizados na Antártica foram classificados oficialmente como ativos.
Um deles está localizado na Ilha Decepção e o outro no Monte Érebo, o pico mais alto do continente. Conor Bacon, um pesquisador da Universidade Columbia, em Nova York, relatou para o site Live Science recentemente que o vulcão do Monte Érebo entra em erupção constantemente desde 1972, pelo que se tem conhecimento. Desde essa época, observa-se que ele costuma emitir "gás, vapor e 'bombas de pedra'", o que é chamado de erupção estromboliana.
Segundo Conor, uma das características que chama atenção é o lago de lava que ocupa uma das crateras no cume. Ele complementa dizendo que isso é "algo bem raro, já que requer condições muito específicas para garantir que a superfície nunca se congele".
Já o vulcão presente na Ilha Decepção conta com uma história meio diferente. Em vez de apresentar atividade constante como seu "irmão", a sua última erupção registrada ocorreu ainda em 1970 e, conforme o monitoramento realizado no local, não há previsão disso mudar no futuro próximo.
Quando se trata de vulcões, o fato de praticamente todos serem considerados dormentes na Antártica não significa que eles não representem algum tipo de perigo ou toxicidade para seres vivos. Dizemos isso porque vulcões ativos e inativos podem ter algo conhecido como fumarola, que se trata de uma abertura na terra que emite gases e vapores no ar. Esses gases podem ser dióxido de carbono, dióxido de enxofre, ácido hidroclórico e sulfeto de hidrogênio, por exemplo. Como dá para imaginar, há diversas fumarolas pela Antártica.
Embora cientistas usem instrumentos para realizar um monitoramento constante dos vulcões e fumarolas do continente, ainda há um grande desafio na hora de prever quando um deles pode entrar em erupção, ainda mais pela quantidade presente por lá. Infelizmente, mesmo os dois vulcões ativos não contam com tanto equipamento permanente, então a situação costuma ser bem precária.
É claro que se considerarmos que a descoberta de mais de 90 vulcões aconteceu há pouco tempo, ainda há chances de que os pesquisadores consigam mais recursos para ficar de olho neles futuramente. O maior desafio a partir disso, provavelmente, estará ligado em adquirir equipamento resistente, tendo em mente que eles teriam que suportar "as condições difíceis e as longas noites polares", segundo o prório Conor Bacon.