Artes/cultura
01/04/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 03/04/2024 às 10:40
Há milênios, nossos ancestrais deram os primeiros passos para fora da África, desbravando um mundo desconhecido e moldando o curso da história humana. Por décadas, questionamos o destino desses pioneiros, suas jornadas e os lugares que chamaram de lar antes de se espalharem pela Eurásia.
Agora, um novo estudo parece ter revelado o importante papel do Planalto Persa como a primeira moradia do Homo sapiens fora da África.
Sabemos que o fato de termos hoje pessoas espalhadas pelos quatro cantos do mundo foi graças a uma parte muito corajosa da nossa espécie, pois essa turma determinada a encontrar melhores condições de sobrevivência decidiu desbravar terras além das fronteiras africanas indo, até onde temos evidência, sabe-se lá para onde.
Porém, devido à evolução dos mecanismos científicos, algumas respostas começam a aparecer.
Usando uma combinação de evidências genéticas, paleoecológicas e arqueológicas, cientistas da Universidade de Pádua, na Itália, em colaboração com outras universidades, parecem ter achado um possível primeiro destino que deve ter abrigado o Homo sapiens por, pelo menos, uns 20 mil anos.
Localizado no sudoeste da Ásia, o Planalto Persa emerge como um protagonista dessa busca por sobrevivência. Entre 70 mil e 45 mil anos atrás, essa região serviu como um "lar longe de casa" para nossos antepassados, proporcionando um ambiente ideal para o florescimento de comunidades humanas.
Os modelos paleoecológicos sugerem que o Planalto Persa oferecia condições favoráveis para a ocupação humana, com uma variedade de ambientes que iam de florestas a pradarias, adaptando-se às mudanças climáticas ao longo do tempo. Essa riqueza ambiental não só sustentava as comunidades humanas, mas também contribuía para sua mobilidade e adaptação.
Além disso, o planalto era rodeado por montanhas e mares, oferecendo assim não apenas recursos abundantes, mas também uma plataforma estratégica para futuras migrações pela Eurásia.
Ao analisar evidências genéticas, os pesquisadores identificaram semelhanças genéticas entre populações antigas e modernas do planalto, apontando para uma herança ancestral compartilhada que remonta a milênios.
Com a análise genômica, foi possível identificar que o Planalto Persa serviu como um centro de distribuição, onde caçadores-coletores faziam suas incursões para partes da Eurásia Ocidental e Oriental. Contudo, esse processo de domínio da Eurásia ocorreu em múltiplas ondas de exploração, fato que levou milhares de anos.
Como esse avanço geográfico se deu ao longo de muito tempo, vários são os tipos de grupos que se distribuíram para conquistar outras terras, havendo certamente o contato com outras populações, incluindo os Homo neanderthalensis, também conhecidos como "neandertais".
E esse lugar de morada da nossa espécie fora da África não é o único ponto importante. A descoberta é emocionante por várias razões. Primeiramente, ela desafia nossos entendimentos anteriores sobre a migração humana, revelando uma fase crucial e até então desconhecida da nossa história. Em segundo lugar, ela destaca a importância do Planalto Persa como um centro vital para a diversificação genética das populações humanas fora da África.
E, por último, mas não menos importante, ela abre novas portas para a pesquisa arqueológica e paleoantropológica, prometendo desvendar mais segredos enterrados sob as areias antigas.