Ciência
13/06/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 13/06/2024 às 14:00
Um grupo de cientistas da Universidade de Humboldt, na Alemanha, descobriu que um papiro antes tido como cotidiano, na verdade, é um documento de alta importância histórica. Ao que parece, ele é um dos documentos mais antigos sobre um suposto acontecimento na infância de Jesus Cristo.
O fragmento de texto faz parte da Hamburg Carl von Ossietzky State and University Library. Mais análises ainda são necessárias, mas a hipótese dos pesquisadores é de que o pedaço de papiro seja a versão mais antiga já encontrada de um texto apócrifo que faz parte do Evangelho de Pseudo-Tomé.
O Evangelho de Pseudo-Tomé, que tem esse nome por ser atribuído a um Tomé que não é o discípulo de Jesus, foi considerado um texto apócrifo pela Igreja. Ele não foi incluído na atual versão da Bíblia Sagrada, em especial por narrar histórias sobre um período pouco detalhado da vida de Cristo — cuja existência como figura histórica ainda é debatida entre especialistas.
O texto original foi possivelmente escrito no século II, mas suas edições mais antigas até agora datavam do século XI. O papiro achado na Alemanha, porém, é um provável sobrevivente dos séculos IV ou V, o que tornaria ela a cópia mais antiga desse evangelho.
O fragmento de papiro em questão está escrito em grego antigo e mede 11 x 5 centímetros. Ele provavelmente foi escrito na região do Egito e, por muitos anos, acreditava-se que o seu conteúdo era algo como uma lista de compras ou uma carta privada.
Um dos tradutores, porém, notou a presença da palavra "Jesus" em meio ao conteúdo e se dedicou a ler o resto do fragmento. Só então os pesquisadores confirmaram que essa é uma cópia do Evangelho de Pseudo-Tomé, que pela estrutura seja talvez o resultado de um exercício de escrita do idioma em um monastério.
O fato registrado pelo papiro é um episódio que teria ocorrido na infância de Jesus chamado de "vivificação dos pardais". Ele é o segundo milagre atribuído a ele, ao menos segundo o que é descrito no evangelho apócrifo.
A história narrada envolve Jesus aos cinco anos, brincando de moldar doze pardais a partir de um monte de argila. O jovem é então repreendido pelo pai, José, por estar fazendo aquilo em um sábado — dia da semana sagrado para o povo judeu.
Jesus então teria batido palmas, o que fez com que as figuras de barro ganhassem vida. Mais detalhes sobre a análise do papiro e o seu conteúdo devem ser publicadas em breve na forma de um artigo acadêmico.