Artes/cultura
28/08/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 28/08/2024 às 18:00
A descoberta de uma pegada de 153 mil anos na costa sul do Cabo, na África do Sul, colocou essa região no centro das atenções arqueológicas. A pegada, a mais antiga já atribuída ao Homo sapiens, reforça a importância da área como um dos principais locais para entender a evolução humana.
Esse achado surpreendente foi feito em um local anteriormente desconhecido, elevando o número de sítios arqueológicos na região para nove, consolidando o cluster da África do Sul como um dos mais significativos no estudo de nossos ancestrais.
Há duas décadas, os rastros deixados por hominídeos na África eram raros e localizados em poucos pontos. Mas, com o avanço das pesquisas e das técnicas de datação, como a luminescência opticamente estimulada (OSL), a situação mudou drasticamente.
Essa técnica permite estimar o tempo desde que os grãos de areia foram expostos à luz solar pela última vez, o que ajuda a determinar a idade das pegadas fossilizadas. No caso do Garden Route National Park, onde a pegada foi encontrada, a OSL revelou uma idade surpreendentemente antiga, lançando luz sobre a presença e o comportamento dos primeiros Homo sapiens.
A pegada de 153 mil anos foi descoberta em eolianitos, rochas formadas pela cimentação de dunas antigas. Essas formações são comuns na costa do Cabo e são propícias à preservação de pegadas, embora a exposição constante aos elementos faça com que sejam vulneráveis à erosão.
Os pesquisadores precisam agir rapidamente para registrar e analisar esses vestígios antes que sejam destruídos. Essa urgência levou a equipe a descobrir sete novos icnosítios na costa sul do Cabo nos últimos cinco anos, aumentando significativamente nosso entendimento sobre os primeiros humanos anatomicamente modernos.
As diferenças entre os sítios da África Oriental e do Sul são notáveis. Enquanto locais como Laetoli, na Tanzânia, abrigam pegadas de hominídeos mais antigos, como os australopitecos, os sítios sul-africanos são todos ligados ao Homo sapiens. Essa distinção temporal e geográfica enriquece nosso entendimento da evolução humana, revelando como diferentes espécies ocuparam o continente em períodos distintos.
Além das pegadas, a região também tem revelado outros indícios de comportamentos modernos, como a criação de ferramentas de pedra sofisticadas, joias e a coleta de mariscos. Esses achados corroboram a ideia de que a costa sul do Cabo foi uma área crucial para a sobrevivência e o desenvolvimento dos primeiros humanos modernos, antes de sua migração para outras partes do mundo.
Embora a atribuição das pegadas a uma espécie específica seja desafiadora e, às vezes, controversa, os pesquisadores baseiam-se em artefatos arqueológicos e restos de esqueletos para apoiar suas conclusões. A pegada de 153 mil anos, por exemplo, é atribuída ao Homo sapiens com base em sua idade e no contexto arqueológico da área.
De uma maneira ou de outra, a descoberta dessa pegada é um marco na paleontologia e na compreensão da evolução humana. Ela reforça a importância da costa sul do Cabo para futuras pesquisas e promete revelar mais sobre nossos ancestrais e as paisagens que eles ocuparam.