Ciência
04/05/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 04/05/2024 às 18:00
Nos confins do nosso Sistema Solar, além da Terra e dos nossos sete conhecidos vizinhos, há um mistério que os cientistas não conseguem explicar. O pior é que, quanto mais avanços ocorrem nos estudos observacionais, maiores têm sido as revelações de padrões incomuns nas órbitas de objetos transnetunianos (OTNs), que são corpos gelados que orbitam o sol, mas estão a uma distância para além de Netuno.
Essas anomalias, que não podem ser explicadas nos moldes da escultura dinâmica do modelo científico inicial, têm levado os pesquisadores a atribuí-las, coletivamente, à existência de um suposto planeta massivo ainda desconhecido. Esse objeto, nomeado provisoriamente como Planeta Nove (P9) em 2016, pelos astrônomos Konstantin Batygin e Mike Brown do Caltech, foi um dos maiores enigmas cósmicos do nosso tempo desde então.
Nos últimos oito anos, pesquisadores têm encontrado novas evidências do planeta, mas todas circunstanciais. O acalorado debate entre os cientistas se justifica, afinal, confirmar a descoberta do P9 iria redefinir nossa compreensão do nosso Sistema Solar.
No novo estudo, a equipe liderada por Batygin mudou o seu foco de observação de OTNs indiferenciados para uma "classe mais convencional e específica" com três características principais.
Os OTNs agora analisados são de longo período (demoram muito tempo para concluir suas órbitas), quase planares (quase no mesmo plano de Netuno) e que cruzem algumas vezes a órbita deste planeta.
Tendo como novidade a adição do impacto da atração gravitacional de Netuno, o novo estudo também está considerando a influência da chamada maré galáctica, uma força sutil exercida por objetos da própria Via Láctea, no caso, além do Sistema Solar.
Nesse contexto, a explicação mais plausível para o comportamento dos objetos transnetunianos, apoiada agora por uma nova linha de evidências, é mesmo o P9. Embora as simulações realizadas não tenham permitido identificar sua localização. Ainda que outras forças possam explicar o comportamento simulado, todas são menos prováveis.
Os autores também delinearam no estudo uma série de previsões observacionais preparadas para resolução a curto prazo. Para isso, contam com o início das operações do Observatório Vera Rubín, no Chile, cuja inauguração, prevista anteriormente para este ano, foi prorrogada para 2025.