Pó de diamante na atmosfera pode reduzir aquecimento global e salvar o mundo

23/10/2024 às 21:002 min de leituraAtualizado em 23/10/2024 às 21:00

Na tentativa desesperada para mitigar de forma rápida as mudanças climáticas, alguns pesquisadores estão propondo realizar intervenções climáticas diretamente na estratosfera, a segunda camada principal da atmosfera terrestre. A ideia é injetar nesse local, entre 10 e 50 km acima da superfície da Terra, algumas toneladas de partículas para funcionar como um “guarda-sol” gigante.

Em um estudo publicado recentemente na revista Geophysical Research Letters, uma equipe internacional de cientistas, liderados por pesquisadores da prestigiada ETH Zurique, da Suíça, propõe “um modelo global de química-clima com microfísica interativa de partículas sólidas”, no caso, cinco milhões de toneladas de partículas de diamante de 150 nm cada.

A expectativa é que, se tudo corresse conforme os planos da equipe, essa riquíssima poluição seria capaz de reduzir as temperaturas globais em até 1,6 °C. Esse número é impressionante, pois é maior até do que o teto de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais proposto no Acordo de Paris em 2015. 

Testando aerossóis estratosféricos

x. (Fonte S. Vattioni et al., 2024/Divulgação)
Esquema gráfico da injeção de dióxido de enxofre na atmosfera. (Fonte S. Vattioni et al., 2024/Divulgação)

Originalmente, a injeção de aerossol estratosférico deveria ser feita com partículas de dióxido de enxofre (SO2), um gás incolor, fedorento, mais pesado que o ar e, por incrível que pareça, altamente poluente. Para piorar a situação, testes mostraram que o elemento químico teve um efeito oposto, ou seja, aqueceu a estratosfera

Para testar alternativas ao SO2, os autores desenvolveram um modelo climático 3D para simular a reação de diferentes aerossóis na atmosfera. Foram testados os seguintes elementos: alumínio, calcita, carboneto de silício, anatase e rutilo, além dos citados diamante e dióxido de enxofre.

O teste abrangeu diversas características, como a capacidade de cada material em absorver ou refletir calor, quanto tempo eles passam na atmosfera (sedimentação) e sua tendência de se manterem juntos ou separados ao longo do tempo (coagulação). Após a simulação de 45 anos, o diamante provou ser o melhor em refletir a radiação solar, e o SO2 o pior.

É possível injetar pó de diamante na atmosfera?

x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O custo de espalhar diamantes na atmosfera seria o dobro do PIB mundial. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Após o diamante ter se destacado como a melhor opção entre as seis partículas e o gás de dióxido de enxofre, surgiu um obstáculo, e é bem grande: a conta. 

Em entrevista à Science, o primeiro autor do artigo, Sandro Vattioni explicou que, para chegar à meta de 1,6 °C, seriam necessárias cinco milhões de toneladas de partículas por ano, com um custo, até o final do século 21, de US $ 200 trilhões, ou R$ 1,1 quatrilhão.

Só para ter uma ideia do que representa essa quantia, basta lembrar que a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no mundo em 2023, ou seja, o PIB global foi de US$ 105,44 trilhões, segundo dados do Bando Mundial. Então, teremos que trabalhar o dobro só para ter diamantes em nossa estratosfera.

NOSSOS SITES

  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • TecMundo
  • Logo Mega Curioso
  • Logo Baixaki
  • Logo Click Jogos
  • Logo TecMundo

Pesquisas anteriores: