Ciência
29/07/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 29/07/2024 às 14:00
Marca registrada do maior planeta do Sistema Solar, a Grande Mancha Vermelha de Júpiter (GRS) está encolhendo aos poucos. Resultante de um grande sistema de alta pressão, formado por fortes ventos que giram em sentido anti-horário, esse "anticiclone". com mais de 16 mil quilômetros de largura, sopra sem parar a mais de 320 quilômetros por hora.
Segundo o doutorando da Escola de Artes e Ciências da Universidade de Yale, Caleb Keaveney, sua fascinação pela GRS o levou a conduzir um estudo sobre os motivos de sua diminuição. O trabalho, recentemente publicado na revista Icarus, teve a participação de muitas pessoas que não eram nem mesmo astrônomos, mas apenas apaixonados e curiosos, segundo o autor.
Entre os diversos mistérios da GRS ainda não desvendados, como quando a mancha se formou, por que se formou ou mesmo por que é vermelha, a equipe optou por explorar os motivos de seu "encolhimento". Embora sua extensão latitudinal tenha se mantido constante, sua amplitude longitudinal diminuiu, de 40° no final do século XIX para 14° quando a sonda Juno chegou ao planeta em 2016.
Observada em registros oficiais há cerca de 200 anos, a GRS começou a encolher nos últimos 50 anos. Estudos de anticiclones da Terra, nos quais o ar se move para baixo, mostraram que esse fenômeno se sustenta em parte por vórtices transitórios de outros eventos. Com base nessa informação e observações da GRS absorvendo vórtices menores, os autores realizaram simulações em 3D da mancha.
As simulações, feitas com um modelo atmosférico para aplicações planetárias chamado EPIC (Coordenada Isentrópica Planetária Explícita), foram divididas entre tempestades menores de frequência e intensidade variadas e simulações de controle, sem pequenas tempestades.
Comparando os dois tipos de simulação, a equipe percebeu que a interação com outras tempestades fez com que a GRS crescesse.
Usando modelos computacionais, os pesquisadores descobriram que a GRS não constitui um sistema planetário autônomo, mas interage com outras tempestades menores de Júpiter. Quando, por meio de simulações numéricas, eles a alimentaram "com anticiclones transitórios de frequência e intensidade variadas", mudaram o seu tamanho e comportamento.
Para montar o seu modelo, os autores usaram um fenômeno terrestre conhecido como "domo de calor", gerado em áreas de alta pressão, que permanece sobre uma região por dias e até semanas, prendendo o ar quente por baixo, como se fosse a tampa de uma panela de pressão. Esse domo impede a formação de nuvens e a chegada de frentes frias.
A estabilidade desses domos (ou blocos) de calor por longos períodos tem sido atribuída a interações com fenômenos atmosféricos de menor escala e menos duradouros, como os redemoinhos de alta pressão e os anticiclones. Para Keavaney, o estudo dos eventos jovianos "tem implicações convincentes para eventos climáticos na Terra", prevê o pesquisador.