Ciência
07/06/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 07/06/2024 às 12:00
Quando vamos à praia, nunca devemos encarar uma concha isoladamente das demais: retirar uma delas da areia — por mais inofensivo que o gesto pareça ser —, pode levar o ecossistema da praia a um efeito dominó.
Esse raciocínio se torna válido quando consideramos que são várias pessoas que ignoram ou mesmo esquecem o impacto das suas próprias ações, por menores que sejam. E quando cada pessoa que visita a praia leva uma concha para casa, ou pior, decide ter uma própria coleção e coletar várias, isso prejudica a natureza.
O motivo é que as conchas têm um papel bastante importante para o ecossistema, apesar do tamanho tão pequeno de muitas delas. E são diversas suas as funções, pois moluscos e até mesmo os caranguejos-eremitas encontram nas conchas uma superfície protetora.
Inclusive, isso evita que os animais recorram a materiais contaminados e descartados na areia pelos próprios seres humanos — algo que já tem sido observado atualmente.
Por serem compostas por carbonato de cálcio (CaCO3), as conchas também devolvem esse material ao oceano, permitindo que ele seja "reciclado", na prática. É justamente esse o composto que dá forma ao esqueleto de muitas espécies marinhas. Ou seja, elas são um recurso importante e devem ser encaradas dessa forma.
Levou algum tempo para estudiosos terem uma melhor noção disso. Mas a partir de um estudo publicado na revista Plos One, em 2014, uma triste realidade veio à tona e serve de alerta: estima-se que 60% das conchas já desapareceram da praia de Llarga, que fica na Espanha, quando se considera a presença delas de quatro décadas atrás.
Por outro lado, pesquisadores também notaram que durante o inverno era o período do ano em que elas eram encontradas em maior número, o que indica a relação entre a disposição delas e o fluxo de turistas na praia.
Por esse motivo, há muitos locais ao redor do mundo em que essa prática de retirar as conchas, pedras e areia é proibida. O Reino Unido, por exemplo, veda a retirada de material de qualquer praia pública. E há países que punem essa ação com multa e até prisão. No Brasil, é proibido comercializar peças de artesanato com corais, e a orientação é que a coleta de conchas seja evitada.
Apesar disso, muitos ignoram, e até mesmo colocam a vida em risco ao tentar contato direto com espécies marinhas que encontram, como o ouriço-do-mar — indo além de levar uma lembrança da viagem. Este último, por exemplo, é um animal que está associado a muitos incidentes nas praias e isso se justifica pela presença de espinhos.
O animal pode liberar algumas substâncias que deixam a pele irritada, além de deixar o espinho preso. Em ambos os cenários, o ideal é procurar auxílio médico para reduzir o risco de desenvolver alguma infecção. E de uma forma geral, a regra é clara tanto para as conchas, quanto para as diferentes espécies que habitam a praia: o ideal é admirar a natureza de longe, sem se expor a riscos e sem comprometer o equilíbrio marinho.