Ciência
16/09/2024 às 12:00•3 min de leituraAtualizado em 16/09/2024 às 12:00
Anualmente, o prêmio IgNobel – que é uma paródia bem humorada do tradicional prêmio Nobel – reconhece as pesquisas feitas naquele ano que nem sempre trazem grandes avanços para a ciência. Por outro lado, elas são capazes de nos surpreender com o fato que alguém se dispôs a estudar aquilo.
Não por acaso, o lema do IgNobel é premiar as "conquistas que primeiro fazem as pessoas rirem e depois as fazem pensar". Todos os anos, há grande expectativa pela divulgação de prêmio, pois é um momento em que paramos para notar que fazer ciência pode ser bizarro e até divertido. Confira os vencedores de 2024.
Este ano, o IgNobel da paz reconheceu uma pesquisa ocorrida nos anos 1940 que foi desenvolvida pelo finado psicólogo americano BF Skinner. Ele elaborou um programa de pesquisa chamado Projeto Pigeon, cujo objetivo era treinar pombos para servir como sistemas de orientação de mísseis.
Na época, transcorria a Segunda Guerra Mundial, e o maquinário que precisava ser usado para guiar os mísseis Pelican era tão volumoso que não sobrava muito espaço para explosivos de verdade. Skinner então pensou que os pombos poderiam ser uma solução mais barata e compacta, uma vez que eles são bons em seguir padrões.
Ele então criou um novo sistema de arreios para os pássaros, posicionou os bichos verticalmente acima de uma placa de plástico translúcida e os treinou para "bicar" uma imagem projetada de um alvo em algum lugar ao longo da costa de Nova Jersey.
Em 2013, os botânicos Jacob White e Felipe Yamashita descobriram uma planta incomum que crescia nas florestas tropicais do sul do Chile que foi apelidada de Boquila trifoliolata. Eles estão constataram algo surpreendente: a planta tinha uma habilidade incomum de imitar as folhas de até três plantas hospedeiras diferentes, tanto no formato das folhas, quanto na cor e nas nervuras.
Impressionados, eles seguiram fazendo experimentos com plantas desse tipo e plantas artificiais. Concluíram então que a Boquila trifoliolata era capaz de imitar as folhas artificiais mesmo quando elas não estavam em contato direto. Isso sugere a existência sistema de "visão vegetal", o que pode ser muito interessante para pesquisas futuras.
Vários pesquisadores ganharam o IgNobel por uma pesquisa que chega a ser engraçada: eles investigaram se o cabelo da maioria das pessoas no Hemisfério Norte gira na mesma direção que o cabelo da maioria das pessoas no Hemisfério Sul.
O pano de fundo desse estudo é contrastar questões de natureza contra a criação, para tentar entender se uma característica relativamente trivial como essa é influenciada pelo lugar em que vivemos.
Há várias outras pesquisas paralelas dentro desse mesmo tema, que ligam a direção de crescimento de cabelo a outras características, como ser canhoto ou destro.
É até difícil de explicar, mas essa pesquisa realmente existiu, e também foi feita no passado. Em 1941, Fordyce Ely e William E. Petersen buscaram entender os processos fisiológicos envolvidos na ejeção de leite dos úberes de uma vaca. Para fazer isso, testaram um método bizarro: eles colocaram um gato nas costas de uma vaca enquanto o ordenhador mecânico estava sendo acoplado nas tetas. Em seguida, eles explodiram sacos de papel.
Mais adiante, os pesquisadores declarariam que o uso do gato foi totalmente desnecessário. Mas supostamente eles fizeram isso porque queriam testar os efeitos da adrenalina na ejeção de leite de uma vaca.