Ciência
27/07/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 27/07/2024 às 08:00
Quando os exploradores europeus começaram a empreender suas primeiras viagens marítimas em busca de riqueza e expansão territorial, havia um terror quase místico em relação aos oceanos.
Além do medo de monstros e criaturas fantásticas, havia relatos de navios afundados e marinheiros à deriva, principalmente em águas mais temidas, como o cabo Horn, no extremo sul da América do Sul, onde os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram.
Mais de cinco séculos se passaram, e mesmo com toda a tecnologia moderna e componentes de segurança e proteção, alguns desses mares, como o próprio cabo Horn, continuam sendo perigosos. Além de condições climáticas extremas, correntes instáveis e processos tectônicos trazem riscos que os modernos marinheiros têm que enfrentar.
Conhecido nos livros de história como Cabo das Tormentas, nome dado pelo navegador português Bartolomeu Dias, que o contornou pela primeira vez em 1488, o atual Cabo da Boa Esperança continua replicando até hoje as mesmas condições difíceis e perigosas que atormentavam as caravelas no século XV: tempestades intensas e mares agitados.
O marco da perigosa ´passagem, no extremo sul da África é um promontório, uma elevação de terra que se projeta para o mar, como a marcar o encontro das águas dos oceanos Atlântico e Índico. Nesse local, as águas quentes da corrente das Agulhas, uma das mais poderosas do Índico, se encontram com a corrente fria de Benguela, de Angola, criando condições para tempestades violentas.
Estendendo-se por mais de 1,5 milhão de quilômetros ao sul do Cabo Horn, a chamada Passagem de Drake permanece como uma das rotas marítimas mais perigosas do mundo. Para o cientista-chefe da Ocean Exploration Trust, Daniel Wagner, "quando você avança cada vez mais em latitude em direção aos polos, você obtém ventos mais fortes e, por sua vez, ondas mais altas".
Falando à Atlas Obscura, o oceanógrafo explica que a ocorrência simultânea de padrões imprevisíveis leva a muitos naufrágios. Estima-se em 800 esse tipo de ocorrência, nas quais aproximadamente 20 mil marinheiros perderam a vida.
Embora os especialistas afirmem que os mitos e especulações em torno do Triângulo das Bermudas sejam exagerados ou mesmo descabidos, a verdade é que a região apresenta alguns desafios importantes para a navegação e a aviação.
Nessa área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados no oceano Atlântico, entre Bermudas, Porto Rico e o extremo sul da Flórida, já desapareceram pelo menos 50 navios. Mas a maioria dos incidentes pode ser explicada por causas naturais e fatores humanos, como furacões, fortes tempestades, além das chamadas anomalias magnéticas, que interferem na navegação.