Ciência
29/09/2024 às 15:00•3 min de leituraAtualizado em 29/09/2024 às 15:00
O raio globular é um fenômeno que intriga cientistas, testemunhas e entusiastas. Essas misteriosas bolas de luz, que surgem durante tempestades, são relatadas há séculos, mas até hoje não há consenso sobre sua existência ou explicação científica. Apesar de muitos estudos, sua natureza permanece um mistério, e a pergunta persiste: ele realmente existe?
A história do fenômeno é tão antiga quanto fascinante. Relatos sobre essas bolas de luz flutuante remontam a séculos atrás, como o manuscrito de 1195 que descreve uma bola de fogo que desceu de uma tempestade sobre o rio Tâmisa, ou como no século 18, quando o cientista Georg Richmann foi morto por um raio globular que o atingiu durante um experimento.
Nos últimos anos, pessoas continuam a relatar suas experiências com raios globulares. Pilotos dizem ter visto essas luzes misteriosas enquanto voavam — e calma, não eram discos voadores. Até pessoas como a senhora Millie Drozda, uma idosa moradora de Chicago, relatou ter visto uma dessas luzes flutuar dentro de seu apartamento há cerca de 30 anos, um acontecimento que gerou, segundo ela mesma, tanto medo quanto curiosidade.
Apesar dos inúmeros relatos, a ciência ainda não conseguiu explicar de forma definitiva o que são esses raios globulares. Nikola Tesla, por exemplo, foi um dos primeiros a tentar recriar o fenômeno em laboratório, mas seus resultados nunca foram confirmados com clareza.
Mais tarde, o físico James L. Tuck também tentou decifrar o mistério ao investigar relatos de submarinistas da Segunda Guerra Mundial, mas, mesmo conseguindo captar imagens de pequenos orbes de luz, não chegou a uma conclusão.
A busca por respostas passou por diversos outros cientistas, como Robert K. Golka, que, inspirado por Tesla, tentou recriar o fenômeno usando grandes bobinas de Tesla, mas seus resultados também foram inconclusivos.
A ciência moderna trouxe novas hipóteses, como a Teoria Maser-Soliton, proposta pelo físico soviético Pyotr Kapitsa, que sugere que um raio comum poderia transformar o ar ao seu redor em um maser, gerando uma bola de plasma. Essa teoria se mostrou promissora, mas, assim como outras, ainda não oferece uma explicação completa.
Experimentos mais recentes em laboratórios têm tentado reproduzir raios globulares usando micro-ondas e descargas elétricas em água, criando fenômenos que se assemelham aos raios globulares, mas ainda não idênticos.
É tão difícil observar o fenômeno — e replicá-lo em laboratório — que há quem questione a própria existência dos raios globulares. Alguns pesquisadores propõem que eles possam ser alucinações ópticas causadas pelos campos eletromagnéticos gerados por relâmpagos.
Essa teoria é baseada em estudos que já mostraram que o cérebro humano, sob certas condições, como no caso de estar próximo a campos eletromagnéticos, pode gerar um efeito óptico de luzes flutuantes. Então a pessoa que passa por isso pode ver as luzes e interpretá-las como sendo real, mesmo que não haja um fenômeno físico concreto.
Contudo, essa possibilidade não tem sido bem aceita por muitos cientistas, já que vários avistamentos de raios globulares foram observados por diversas pessoas ao mesmo tempo. Seria pouco provável que todas tivessem a mesma percepção, a mesma experiência, descrevendo o fenômeno de maneira tão parecida.
De qualquer modo, até hoje, os cientistas continuam investigando o fenômeno. Um exemplo é o professor Karl Stephan, da Texas State University, que já possui cerca de 800 relatos sobre raios globulares e, embora reconheça que nem todos sejam autênticos, acredita que uma boa parte deles traz informações relevantes. Ele se mantém cético, mas curioso, esperando que algum dia a ciência possa capturar evidências concretas e reproduzir o fenômeno de maneira consistente.
Enquanto isso, o mistério permanece. Seja um fenômeno real e ainda inexplicável, uma ilusão óptica ou algo entre os dois, o raio globular continua a fascinar e a desconcertar cientistas e entusiastas. Até que novas evidências surjam, a questão sobre a existência do raio globular seguirá sem resposta definitiva, mantendo vivos o debate e a curiosidade em torno desse intrigante fenômeno.