Ciência
24/10/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 24/10/2024 às 15:00
Recentemente, um cineasta lançou uma bomba ao afirmar que cientistas que vasculham o céu em busca de vida inteligente encontraram uma “tecnossinatura” alienígena. A promessa é que o mistério será revelado ao público em breve, levantando a pergunta: será que encontramos mesmo aliens?
A empolgação veio após o projeto Breakthrough Listen, que busca evidências de vida fora da Terra, detectar um sinal incomum em dados coletados pelo radiotelescópio Parkes, na Austrália, em 2019. O sinal, vindo da estrela vizinha Proxima Centauri, intrigou os pesquisadores e foi chamado de BLC-1.
A descoberta deixou os cientistas animados – mas com um pé atrás. O sinal era estreito e na frequência de 982 MHz, algo não produzido por fontes naturais conhecidas. Além disso, o sinal sumiu quando as observações foram desviadas da fonte, sugerindo que ele talvez não tivesse vindo da Terra. “O evento não se enquadra na faixa de qualquer interferência de radiofrequência local conhecida”, dizia o primeiro artigo sobre o BLC-1, acendendo as esperanças de que poderia ser uma comunicação de outra civilização.
Embora a descoberta inicial tenha despertado o interesse dos cientistas que buscam sinais alienígenas, uma análise mais profunda esfriou os ânimos. Segundo Dr. Andrew Siemion, do projeto Breakthrough Listen, o BLC-1 foi “sem dúvida um dos sinais mais intrigantes já vistos”. Porém, equipes independentes que revisaram os dados descobriram que se tratava de uma interferência local, possivelmente de algum dispositivo eletrônico próximo, como osciladores comuns.
Os resultados mostraram que o sinal provavelmente era uma tecnoassinatura – mas de origem humana. “Descobrimos que o BLC-1 não é uma tecnoassinatura extraterrestre, mas sim um produto de intermodulação eletrônico de interferências locais”, explicou uma das equipes em um segundo artigo. A conclusão de que o sinal vinha de uma fonte terrestre, e não de Proxima Centauri, foi reforçada por dezenas de outras instâncias de interferências semelhantes, o que sepultou as expectativas de uma descoberta alienígena.
Apesar de a comunidade científica ter descartado o BLC-1 como sinal alienígena, o cineasta Simon Holland reacendeu o debate com novas alegações. Segundo ele, um administrador de telescópio europeu compartilhou informações indicando que a análise de dados do SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre) em casa encontrou cinco sinais promissores. Holland afirmou em vídeo que “eram assinaturas incomuns que poderiam ser uma tecnoassinatura de inteligência não-humana”.
Holland também disse ao Daily Mirror que equipes ainda estão investigando os sinais, incluindo o BLC-1, e podem divulgar novos detalhes em breve. Entretanto, Dr. Siemion, do Breakthrough Listen, reafirmou que não houve novas detecções ou desenvolvimentos que alterassem a conclusão original. “A equipe continua a observar estrelas próximas, incluindo Proxima Centauri, mas não houve re-deteções do BLC-1 que mudassem os resultados publicados em 2021”, afirmou ele ao IFLScience.
No fim, o sinal alienígena ainda parece ser uma miragem, mas a possibilidade de novas investigações mantém o público de olho no céu. Afinal, o universo é grande demais para não guardar algumas surpresas. Será que a próxima descoberta vai nos levar para mais perto de responder à velha pergunta: estamos sozinhos no cosmos?