Ciência
01/03/2024 às 15:31•2 min de leituraAtualizado em 01/03/2024 às 15:31
Nem todos conseguem encontrar um refúgio para escapar dos raios depois que a chuva começa, e a verdade é que mesmo antes que as gotas comecem a cair do céu, há pessoas que sequer conseguem avistar o perigo das descargas elétricas se aproximando.
Buscando ir além de estudos anteriores que não consideraram a influência da chuva sob a pele, pesquisadores resolveram conduzir um experimento para analisar como acontece a distribuição da corrente no corpo humano em diferentes cenários.
Tudo isso para responder a uma pergunta: afinal, existe alguma coisa que pode aumentar a chance de sobrevivência quando um raio atinge uma pessoa diretamente na cabeça?
Há muitos fatores que atuam conjuntamente na formação da descarga elétrica e a maneira como ela é distribuída pelo corpo. Cientes disso, pesquisadores recorreram a um método para estabelecer uma conexão entre a chuva e a sua capacidade de atenuar os efeitos dos raios.
Para isso, eles utilizaram bonecos que simulam o corpo humano. Compostos por materiais que representam o couro cabeludo e até mesmo o nosso cérebro, esses "fantoches modernos" foram submetidos a algumas descargas elétricas em diferentes cenários.
Segundo o estudo, publicado na Scientific Reports, o tempo seco oferece o maior risco de morte quando o corpo é atingido por um raio. Ou seja, a chuva, na prática, fornece uma espécie de proteção, evitando que a descarga elétrica atinja a cabeça de uma pessoa com toda a sua intensidade.
Como o próprio trabalho destaca, 5% das lesões nesse tipo de cenário catastrófico são ocasionadas por raios diretos. Raios laterais, por sua vez, respondem por cerca de 30% dos casos. Parada cardiorrespiratória e danos no sistema nervoso central respondem pelas causas de morte mais frequentes a partir desse fenômeno.
Foi observada uma maior quantidade de corrente elétrica no couro cabeludo do boneco que estava molhado, em comparação com o que estava seco. No entanto, algo surpreendente foi percebido: a cabeça molhada teve uma exposição da corrente 12,5% menor. Os danos decorrentes dos raios, da mesma forma, foram mais recorrentes nas cabeças que permaneceram secas ao longo do experimento.
A conclusão do estudo é que a chuva pode contribuir com uma taxa de sobrevivência aos raios que gira em torno de 70% a 90%. Dois motivos são apontados para isso: a menor exposição da corrente na região do cérebro e a redução de danos térmicos e mecânicos.
No entanto, como esses bonecos não eram cobertos por cabelo real, e também não possuíam outras características humanas, o estudo ficou limitado. Ainda assim, levantou possibilidades que podem ser exploradas mais a fundo em outros estudos.
Na dúvida, não deixe de tomar todos os cuidados possíveis no dia a dia. Em qualquer situação de risco, para evitar ser atingido por um raio, não se abrigue embaixo de árvores, permaneça distante de estruturas metálicas e procure um local coberto imediatamente.