Ciência
18/10/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 18/10/2024 às 06:00
A teoria do Big Bang, amplamente aceita como a explicação definitiva para a origem do universo, está sendo desafiada por uma ideia antiga que se recusa a desaparecer. De acordo com um estudo recente, as observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) estão levantando novas dúvidas sobre a expansão cósmica e reacendendo o debate em torno da teoria da "Luz Cansada".
Esta teoria, que sugere que a luz dos objetos distantes perde energia com o tempo, foi proposta há quase um século pelo astrônomo Fritz Zwicky (1898-1974) e, agora, está recebendo uma atenção renovada.
O Big Bang, que propõe que o universo começou com uma explosão colossal há cerca de 13,8 bilhões de anos, tem sido o modelo padrão para explicar o redshift — o fenômeno onde a luz das galáxias distantes é deslocada para o vermelho devido à expansão do universo.
Edwin Hubble (1889-1953), cujas observações na década de 1920 mostraram que galáxias mais distantes estão se afastando mais rapidamente, ajudou a consolidar essa teoria. O físico belga Georges Lemaître (1894-1966) também contribuiu para essa ideia, propondo a expansão do universo a partir de um estado primordial.
Por outro lado, Zwicky apresentou uma explicação alternativa: a teoria da Luz Cansada. Segundo essa teoria, a luz emitida por galáxias distantes perde energia à medida que viaja pelo espaço, o que faz com que seu comprimento de onda aumente e se desloque para o vermelho.
Esse fenômeno, então, seria uma consequência da perda de energia dos fótons ao invés de uma evidência de que as galáxias estão se afastando umas das outras.
A teoria do Big Bang, sustentada por evidências como a radiação cósmica de fundo e as observações de supernovas, tem sido amplamente aceita e respaldada por diversas descobertas. No entanto, o advento do JWST trouxe uma nova perspectiva ao observar galáxias que parecem ser mais complexas e desenvolvidas do que o esperado para a idade do universo.
Essas observações inesperadas provocaram um novo interesse na teoria da Luz Cansada, já que essas galáxias primitivas parecem desafiar o cronograma do Big Bang.
O professor Lior Shamir, da Universidade Estadual do Kansas, reviveu a teoria de Zwicky, sugerindo que a perda de energia dos fótons pode explicar as discrepâncias observadas.
Em seu estudo, Shamir analisou o desvio para o vermelho de mais de 30.000 galáxias, encontrando evidências que apoiam a ideia de que a luz se degrada ao longo de grandes distâncias. Suas descobertas mostraram que o desvio para o vermelho das galáxias aumenta com a distância, um fenômeno que Zwicky havia previsto.
No entanto, a teoria da Luz Cansada enfrenta críticas, principalmente porque não há evidências diretas de que os fótons perdem energia enquanto viajam pelo espaço. Além disso, observações da radiação cósmica de fundo e outras medições têm ajudado a refutar essa ideia.
Mesmo assim, as novas descobertas do JWST colocam em questão algumas premissas do modelo do Big Bang, sugerindo que nosso entendimento do universo ainda pode estar em evolução.
Embora a teoria da Luz Cansada não esteja perto de substituir o Big Bang, o trabalho de Shamir destaca a importância de revisar e questionar nossas teorias estabelecidas. A ciência é um campo em constante desenvolvimento, e novas evidências podem levar a revisões significativas em nossa compreensão do cosmos.