Tsunami gigante surpreendeu cientistas na Groenlândia

19/09/2024 às 03:002 min de leituraAtualizado em 19/09/2024 às 03:00

Em setembro de 2023, cientistas do mundo todo foram surpreendidos por um sinal incomum captado por sensores de atividade sísmica espalhados pelo planeta, desde o Ártico até a Antártica. Diferente dos tremores tradicionais, o que chamou a atenção foi uma única frequência que persistiu por impressionantes nove dias. Inicialmente classificado como um "USO" — Objeto Sísmico Não Identificado —, a origem desse sinal revelou uma história assustadora: um gigantesco deslizamento de terra no remoto Fiorde Dickson, na Groenlândia.

Esse evento colapsou rochas e gelo em uma quantidade equivalente a 10 mil piscinas olímpicas, provocando um tsunami de 200 metros de altura. Para colocar em perspectiva, essa onda era muito maior que os tsunamis devastadores da Indonésia em 2004 e do Japão em 2011. Esse pode ter sido o maior tsunami visto na Terra desde 1980, acreditam os pesquisadores. Além disso, o evento gerou um fenômeno raro conhecido como "seiche", onde ondas continuaram a oscilar no fiorde por nove dias, com mais de 10 mil movimentos.

Causas do tsunami

(Fonte: GettyImages)
De acordo com pesquisadores, aquecimento global teve participação no evento. (Fonte: Getty Images)

Os cientistas descreveram o estudo do evento como uma verdadeira "investigação de desastre aéreo". A colaboração entre 66 pesquisadores de 40 instituições de 15 países foi necessária para reunir peças de um quebra-cabeça complexo, que envolvia dados sísmicos, imagens de satélite, monitoramento da água do fiorde e simulações detalhadas de como a onda evoluiu. 

O que descobriram foi uma sequência catastrófica de eventos. O deslizamento ocorreu após a geleira que sustentava a montanha ter se enfraquecido devido ao aquecimento global. Décadas de aquecimento reduziram sua espessura em dezenas de metros, fazendo com que o peso da montanha não fosse mais suportado.

Assim, toneladas de rocha e gelo despencaram pela encosta íngreme e confinaram-se no estreito fiorde. Segundo os cientistas, esse colapso foi impulsionado pelas mudanças climáticas, reforçando a ideia de que estamos vivendo uma nova era geológica moldada por nossas próprias ações.

Aquecimento global

(Fonte: GettyImages)
Estudos mostram que deslizamentos massivos no Ártico podem se tornar mais frequentes. (Fonte: Getty Images)

Esse evento inédito não só intrigou a comunidade científica, mas também trouxe à tona uma verdade mais alarmante: o aquecimento global está remodelando a Terra de maneiras que nem imaginávamos. Um fenômeno como um seiche de nove dias seria impensável há poucos anos. Da mesma forma, a ideia de que o aquecimento global poderia desencadear deslizamentos massivos no Ártico parecia improvável, mas agora estamos enfrentando essa nova realidade.

O deslizamento de setembro de 2023 foi o primeiro registrado na Groenlândia oriental, região anteriormente considerada imune a eventos catastróficos induzidos pelas mudanças climáticas. Com o derretimento contínuo do permafrost — camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada — e o afinamento das geleiras, eventos como esse devem se tornar mais frequentes e intensos em regiões montanhosas e polares ao redor do mundo. Locais como o oeste da Groenlândia e o Alasca já apresentam sinais de deslizamentos iminentes.

O que esse mega-tsunami nos ensina é que nossa compreensão atual do clima, baseada em um passado estável, pode não ser mais suficiente. À medida que continuamos a alterar o clima da Terra, devemos estar preparados para fenômenos inesperados que desafiam nosso conhecimento e exigem novas formas de pensar e agir. O solo, tanto no sentido literal quanto figurativo, está tremendo, e cabe a nós nos adaptarmos a essa nova realidade.

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