Ciência
26/05/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 26/05/2024 às 09:00
Ele é praticamente onipresente — em quase qualquer lugar que você vá, é possível encontrar o símbolo do Wi-Fi ou um aviso informando sobre o acesso à internet. Você pode usá-lo para se conectar à internet com o celular, videogame, TV, eletrodoméstico e tantas outras coisas.
Mas o que exatamente significa esse termo? É uma sigla, uma abreviação ou uma palavra? O pensamento mais óbvio é associá-lo ao seu uso. Logo, “Wi” parece ser uma boa abreviação da palavra wireless ("sem fio") e “Fi” remete ao termo “Hi-Fi” — uma abreviação para high fidelity ("alta fidelidade" em português). Mas seria esse o verdadeiro significado de Wi-Fi?
Antes de entender o termo, é importante saber a que ele se refere. Em 1985, a Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA liberou uma parte do espectro de ondas de rádio para uso comercial. Na tentativa de evitar que fossem criados diferentes padrões de acesso à tecnologia sem fio, em 1997 o Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) aprovou o padrão utilizado até hoje.
Na prática, é graças a essa padronização de acesso que é possível conectar aparelhos de diferentes marcas, ao mesmo acesso de internet. Porém, essa era apenas uma parte da solução, pois a tecnologia para a conexão ainda precisava ser desenvolvida.
Foi assim que surgiu a Wireless Ethernet Compatibility Alliance (WECA) — atualmente ela se chama Wi-Fi Alliance. Ela é uma organização sem fins lucrativos que, além de ter criado a tecnologia de acesso sem fio às ondas de rádio, atua na certificação de produtos que utilizam o Wi-Fi. Porém, esta tecnologia recebeu o nome original de IEEE 802.11b Direct Sequence, que não apenas é confuso, como é muito pouco comercial.
Para contornar o problema de nomenclatura e deixar a tecnologia mais acessível, a WECA recorreu aos serviços da agência de marketing Interbrand — foram eles que desenvolveram também o logotipo do Wi-Fi.
Desde a criação, houve uma tentativa de apresentar um significado para o nome da marca. De acordo com o cofundador da WECA, Phil Belanger, alguns dos seus colegas não pareciam dispostos a aceitar um nome que não viesse acompanhado de um significado. A preocupação é que por mais simples e comercial que ele fosse, seria necessário que significasse algo além de um apenas um novo nome.
Foi o que fez com que os membros fundadores da WECA criassem o slogan “O padrão para fidelidade sem fio”. E foi isso que fez com que o termo Wi-Fi passasse a ser visto como uma abreviação de Wireless High Fidelity.
Anos mais tarde, o próprio Belanger criticou a decisão. Segundo ele, o slogan “só serviu para confundir as pessoas e diluir a marca”. Isso porque, embora o wireless faça sentido, alta fidelidade é um termo usado para aparelhos capazes de reproduzir um áudio com o mínimo de interferência possível. Não é algo que faça alguma referência direta à tecnologia.
Por mais que algumas analogias tenham sido criadas inicialmente para justificar essa escolha, Belanger prefere pensar que Wi-Fi é apenas uma palavra criada para designar a tecnologia. “Wi-Fi não significa nada [além disso]. Não é uma sigla. Não há significado”, conclui ele.