Artes/cultura
21/11/2018 às 10:00•2 min de leitura
Se você já foi a um museu ou se já viu uma imagem de uma múmia na internet, certamente concorda que, por maior que tenha sido o esforço dos povos ancestrais de garantir a conservação das pessoas que consideravam dignas da vida eterna, resistir à ação do tempo — séculos, milênios! — não é lá uma tarefa fácil.
Mas existe uma múmia em específico que deixa todas as outras se perguntando que tipo de formol ela está usando — e não é egípcia! Chamada de Lady Dai em homenagem à Princesa Diana, ela na verdade era Xin Zhui, a esposa de um aristocrata da Dinastia Han, Li Cang. A referência foi feita por conta do fato de que, de tão conservada que está, mesmo 2,1 mil anos depois de sua morte, a múmia permitiu aos cientistas identificarem o quão extravagante foi sua vida.
Cercada de luxo, Xin Zhui está até hoje tão conservada que sua pele continua macia, seus membros ainda podem ser movidos, e até mesmo seus órgãos internos e sangue foram preservados — algo inédito nos mais variados padrões de mumificação.
Cientistas puderam realizar uma autópsia e determinar que ela tinha tipo sanguíneo A, além de identificar sua causa mortis: um ataque cardíaco, que tirou sua vida em torno dos 50 anos, depois de comer melões, sua última refeição.
É impressionante a quantidade de detalhes que a múmia Lady Dai oferece aos pesquisadores que a estudam. Graças à autópsia, foi possível ainda identificar que Xin Zhui levava uma vida bastante sedentária, com pouca atividade física e alimentação exagerada, algo que a levou a ter parasitas, por conta da comida pouco cozida ou por falta de higiene no preparo — a gente não sabe muito bem quão limpas eram as cozinhas da Dinastia Han, não é mesmo?
Além disso, a mulher sofria de doença cardíaca grave, osteoporose, cálculos biliares e uma hérnia de disco que provavelmente rendeu muitas dores nas costas. Uma trombose coronária e arteriosclerose são provavelmente as causas da sua necessidade de andar com bengalas, imagem que foi retratada na bandeira funerária de Lady Dai.
Preocupada com a vida após a morte — e talvez considerando viver do outro lado de um jeito mais saudável, ela levou para sua tumba, além de riquezas e obras de arte, obras e livros sobre saúde, bem-estar e longevidade. Inscritos com caracteres chineses, eles também estavam acompanhados de remédios para tratar males comuns na época, como paralisia, dor de cabeça e asma.
Mas, o que poderia ter causado uma conservação tão eficiente? Os cientistas que estudam a múmia — como é o caso de Willow Weilan Hai Chang, diretor do Galeria Instituto China, de Nova York, um dos pesquisadores a acompanhar a múmia Lady Dai — têm algumas hipóteses.
Descoberta em 1971 no sítio arqueológico de Mawangdui, perto da cidade chinesa de Changsha, ela estava em um caixão originalmente embalado em 20 camadas de seda, junto a outros quatro caixões parecidos. Ela estava praticamente embalada a vácuo e seu caixão, repleto de carvão, com o topo selado com argila. O espaço estava tão hermeticamente fechado que nenhuma bactéria ao longo dos anos conseguiu entrar, garantindo a manutenção da múmia. Vestígios de mercúrio encontrados na tumba indicam que essa substância também tenha tido ação antibacteriana.
Contudo, a maior questão para os arqueólogos envolvidos é que o corpo dela estava embebido em um líquido ligeiramente ácido que provavelmente foi o principal agente de conservação, mas ninguém sabe o que é — o fato é que impedia o crescimento de bactérias. A hipótese mais bem aceita é a de que seria uma espécie de água do próprio corpo. Louco, não é?
Se você quiser ver Lady Dai hoje em dia, é só passar pelo Museu Proincial de Hunan, pertinho de onde ela foi encontrada, na cidade de Changsha.
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