Artes/cultura
01/09/2022 às 12:00•3 min de leitura
Existem diferentes correntes políticas. Cada uma delas vai defender pontos de vista distintos, a depender da maneira como compreenda alguns princípios. No caso do Brasil, o liberalismo, o conservadorismo e o progressismo são as principais vertentes políticas. Contudo, não são todas as pessoas que possuem esses termos tão claros.
Isso porque a filosofia política é relativamente complexa, fazendo com que essas mesmas maneiras de encarar alguns aspectos se cruzem. Logo, um liberal pode ser progressista ou conservador, por exemplo. Ou um progressista pode ser conservador sobre algum tema. Para entender melhor, confira um pouco sobre essas três principais correntes políticas no Brasil.
O liberalismo foi se consolidar como um conjunto de ideias e posições políticas nos Estados Unidos e na Europa do século XIX, mas estudiosos defendem que parte de seus ideais tem origem na Grécia e na Roma Antiga. Tradicionalmente, o liberalismo se associava a pessoas tolerantes, generosas e livre de preconceitos.
Seus principais pensadores, Thomas Hobbes e John Locke, defendiam a razão em detrimento à religião, a liberdade de credo, respeito aos direitos individuais e a defesa da propriedade privada. Outro nome importante do liberalismo, Adam Smith defendeu a menor intervenção do Estado na vida do cidadão, além de pregar o livre comércio.
No caso brasileiro, o liberalismo sofreu forte influência do neoliberalismo. Aqui, a ideia de Estado mínimo ganhou mais força, impulsionado pelo conservadorismo nos costumes. Há estudiosos, inclusive, que se referem à prática em nosso território como "liberalismo à brasileira", ou seja, toda a essência econômica do liberalismo, mas com a força do conservadorismo nas questões comportamentais.
Sim, existem liberais de esquerda, ao menos se nos atermos ao liberalismo clássico, que inclui a não intervenção do Estado nos costumes da população. Na prática, seria dizer que temas como a legalização do aborto e das drogas seriam defendidas por estas pessoas.
Um bom exemplo pode ser encontrado nos Estados Unidos. O Partido Democrata é associado à esquerda no território norte-americano. Seus integrantes são liberais clássicos, ainda que uma ala mais próxima dos ideais associados à esquerda estejam ganhando campo no partido.
O conservadorismo tem origens ligadas à Revolução Francesa. É claro que o perfil era bem diferente. Ali, durante a Assembleia Constituinte, parte dos integrantes que defendia a manutenção do poder da monarquia se sentou à direita do presidente da Assembleia.
Para eles, o rei de então deveria conservar seu poder. A escolha por estar à direita é a tradição cristã de ver honra em estar "à direita de Deus". Apesar de derrotados, os ideais conservadores não acabaram ali, sendo estruturados por Edmund Burke no livro Reflexões sobre a Revolução na França, obra que lançou as bases do conservadorismo moderno
É importante frisar que o conservador não é avesso às mudanças, desde que elas venham para preservar as tradições, práticas e costumes. Por essa razão e pala ligação com as tradições cristãs, enxergam a sociedade como uma extensão da religião, que ao lado da família e da educação são a base de uma sociedade sadia.
No caso dos conservadores no Brasil, estes sofreram grande influência do neoconservadorismo do século XX, que passou a pregar a rigidez na segurança pública, a moral religiosa, a família heteronormativa como sendo a tradicional e a menor intervenção do Estado, com defesa do livre mercado.
Como citamos acima, o conservadorismo é uma vertente política mais associada historicamente à direita. Contudo, em algumas pautas, mesmo progressistas de esquerda se alinham com os conservadores. A legalização do aborto, por exemplo, não é um consenso entre a esquerda. O mesmo podemos dizer sobre a legalização das drogas.
Nos países comunistas, por exemplo, as pautas relacionadas a costumes sempre foram um problema. O regime de Cuba chegou a perseguir homossexuais. De todo modo, o conservador brasileiro, aquele que defende a essência desta filosofia política, será, na maior parte das vezes, de direita.
O progressismo é uma vertente política que mudou muito ao longo dos séculos. Durante o Iluminismo, no século XVIII, assumisse como progressista a pessoa que defendia que a ciência e o indivíduo deveria prevalecer.
Um século depois, no XIX, a História mostra que o progressismo se associou ao liberalismo e ao socialismo, no primeiro caso para defender a democracia, no segundo para pregar pela igualdade. Já no século passado, o XX, vimos que ideias relacionadas a direitos humanos e causas sociais tomaram o protagonismo. Isso posto, o que é ser progressista?
No Brasil do século XXI, ser progressista é estar associado à defesa de direitos civis. Isto é, defender causas feministas, LGBTQIAPN+, do movimento negro e pautas ambientais. O progressista acredita que o país precisa de um projeto democrático que atenda as demandas da população de modo mais forte, plural, inclusivo e variado.
Essa é uma pergunta que parece quase uma pegadinha. O progressismo é muito associado à ideia de progresso social, garantido pela melhor dia vida da população, seja por ampliação de direitos sociais e político, seja pelo desenvolvimento econômico.
Ainda que não seja possível afirmar que o progressismo seja de direita ou de esquerda, a tendência é que pessoas de esquerda sejam mais progressistas, já que, naturalmente, a visão de mundo da direita considera natural a desigualdade entre os homens.