Ciência
12/11/2022 às 13:00•2 min de leitura
Nos últimos anos, um assunto extremamente relevante dividiu os brasileiros no campo político: a existência do horário de verão. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que a medida que adiantava os relógios brasileiros em uma hora por um breve período do ano não seria mais adotada.
Como argumento, o líder do executivo disse que mudanças no hábito do consumo de energia da população geraram essa reflexão. No entanto, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva utilizou suas redes sociais durante a última semana para questionar os internautas sobre o assunto e falar sobre uma possível volta do horário de verão durante seu mandato. Mas, afinal, por que o horário de verão existia em primeiro lugar? Entenda!
(Fonte: Pixabay)
A primeira vez que o horário de verão foi instituído no Brasil aconteceu em 1931, durante o governo de Getúlio Vargas. Naquela época, Vargas declarou à imprensa que a medida era uma prática universal e que traria grandes benefícios ao público brasileiro, visto que o adiantamento dos relógios geraria uma economia no consumo de luz artificial.
Durante os anos subsequentes, a medida acabou sendo repetida, mas sem qualquer regularidade. Com a seca histórica de 1985 — que inclusive gerou blecautes pelo país—, esse horário diferenciado passou a ser adotado anualmente, só que com duração e abrangência territorial definida por meio de decreto presidencial.
Um decreto tornou o horário de verão permanente no ano de 2008, com extensão do terceiro domingo de outubro até o terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte. As coisas continuaram assim até Bolsonaro extinguir a medida em 2019. De acordo com especialistas do atual governo, a mudança de hábitos da população fez com que o horário de verão não economizasse mais energia e apenas atrapalhasse o relógio biológico das pessoas.
(Fonte: Pixabay)
Em entrevista para a BBC, a coordenadora de energia no Climate Policy Initiative (CPI), Amanda Schutze, afirmou que ainda existiria uma pequena economia de energia caso o horário de verão fosse instaurado novamente, mas a mudança no padrão de consumo dos brasileiros faz com que os resultados não sejam tão significativos como eram antigamente.
Durante a crise hídrica de 2021, o ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Eduardo Barata defendeu que horário de verão voltasse. "E ainda hoje, se vai resultar em economia, pequena que seja, por que não fazer?", argumentou. Outro ponto favorável ao horário de verão é o estímulo às vendas do comércio e dos bares, que chega a duplicar devido à hora a mais de luminosidade entre 18h e 20h.
Se tudo parece tão bom assim, quais são as desvantagens do horário de verão? O principal argumento para quem é contrário acontece pela dificuldade de adaptação, uma vez que tal medida mexe com o horário do país duas vezes. Um estudo publicado na revista Annals of Human Biology, em 2017, mostrou que apenas 45,23% dos entrevistados alegou não sentir qualquer tipo de desconforto com a mudança de horário.
A alteração das horas mexe com a produção de hormônios do corpo, como a melatonina e o cortisol, responsáveis por nos dar sono e nos fazer despertar. No setor agropecuário, estudos mostram que o gado também é bastante sensível às mudanças de horário nas fazendas — podendo até mesmo ter queda na qualidade do leite.
Agora que você conhece os dois lados da moeda, basta escolher qual deles você apoia!