Ciência
07/10/2023 às 05:00•2 min de leitura
Alguma vez você já desejou esquecer de algo só para poder desfrutar o processo por uma segunda vez, mas como se fosse a primeira? Em geral, o cérebro humano não costuma abandonar informações facilmente e tende a te prender em memórias. Porém, e quando aprendemos uma segunda língua? Ao contrário de andar de bicicleta, idiomas podem facilmente sumir aos poucos de nossas lembranças se não os praticarmos.
Por exemplo, muitas pessoas que tiveram aula de espanhol no ensino médio acabam "deletando" completamente muitas dessas informações de suas cabeças. Isso tem muito a ver porque muitos de nós não conseguimos atingir a fluência verdadeira no processo.
Mas e quanto a nossa língua nativa? Também poderíamos esquecê-la? A resposta não é tão simples assim.
(Fonte: Getty Images)
Para falar sobre "desaprender" um idioma, Monika S. Schmid, uma linguista da Universidade de York, no Reino Unido, passou muitos anos estudando sobre o tema. Falante nativa de alemão, Schmid descreve em seu site pessoal suas próprias experiências com o chamado "desgaste linguístico", que acontece quando apagamos informações sobre determinada língua.
Segundo ela, alguns dos sinais mais comuns disso incluem esquecer palavras específicas, inventar expressões estranhas, juntar palavras incorretamente ou até mesmo ficar mais hesitante ao tentar pronunciar aquele idioma. Esse é um processo comum entre humanos, sobretudo aqueles que passam longos períodos aprendendo e falando um novo idioma.
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Isso pode até mesmo criar dificuldades com sua língua nativa. Contudo, embora isso seja algo bem frustrante, é bem improvável que um adulto esqueça completamente uma língua que antes falava fluentemente.
Para crianças pequenas, no entanto, a história é mais complexa. Como seus cérebros são muito mais flexíveis em relação à aquisição de um novo idioma, isso também as torna mais vulneráveis a perder completamente sua língua nativa se forem inseridas em um ambiente novo onde não serão mais expostas a ela.
(Fonte: Getty Images)
Em seus estudos, Schmid alerta que existe uma escassez de pesquisas sobre o desgaste linguístico na sociedade. Ela cita numerosos exemplos de pessoas que discutem as suas dificuldades pessoais em torno da perda da sua proficiência da língua nativa — algo que pode ser muito frustrante e até mesmo criar uma descaracterização do senso de identidade.
Felizmente, algumas coisas podem ser feitas para prevenir ou até mesmo reverter esse processo. Uma solução que pode parecer óbvia seria garantir que você passe algum tempo conversando com outras pessoas que falam a mesma língua nativa que você para praticar o máximo possível.
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Porém, essa prática ainda pode ser contaminada pelas influências da segunda língua sofridas por essas pessoas. Sendo assim, a melhor solução inevitavelmente seria que essa pessoa passasse um tempo em seu país de origem, onde teria imersão total na língua materna.
Sentir que sua língua nativa está escapando pode ser uma experiência bem difícil, principalmente por como ela esta ligada a sentimentos em torno de identidade e de herança cultural. Contudo, agora que você sabe que ela não pode ser verdadeiramente perdida, não há motivos para temer caso esteja vivendo algo parecido.