Artes/cultura
25/01/2019 às 06:01•3 min de leitura
Participar dos Jogos Olímpicos é o sonho da maioria dos atletas, mas trazer uma medalha é algo complicado. Nem todos são como Michael Phelps, que tem quase 30 medalhas, sendo que conseguiu a façanha de ganhar 8 de ouro apenas em uma edição (Pequim 2008). Mas você sabia que existe uma medalha olímpica muito mais difícil de conquistar que a de ouro?
Trata-se da medalha Pierre de Coubertin, que recebe o nome do francês que fundou os Jogos Olímpicos da era moderna em 1894, dois anos antes de a primeira edição acontecer em Atenas, na Grécia. Essa medalha especial é dada a atletas ou pessoas que contribuíram significativamente para o espírito esportivo, sendo considerada a mais alta honraria do Comité Olímpico Internacional (COI).
Confira 4 notáveis vencedores:
A medalha foi outorgada apenas em 1964, postumamente, ao saltador em distância alemão Luz Long. Nessa Olimpíada, ocorrida em seu país, a Alemanha dos tempos de Hitler, Long ajudou o norte-americano Jesse Owens, um rival que viria a se tornar um de seus melhores amigos, dando uma dica preciosa para o atleta conquistar o ouro.
Owens, um atleta negro, sofria duplamente: tanto com o discurso discriminatório de Hitler quanto a perseguição racial que ocorria naquele momento nos EUA. Ele conquistou quatro ouros olímpicos na ocasião, ganhando, de longe, um aceno do ditador alemão. Já o presidente norte-americano Franklin Roosevelt nem sequer mandou um telegrama, algo que magoou bastante Jesse Owens.
Já Luz Long ficou apenas com a prata no salto em distância. Ele foi morto em batalha, sete anos depois, durante a Segunda Guerra Mundial, aos 30 anos de idade. Apesar de essa ser uma bela história, muita gente acredita que ela foi inventada, já que mostraria a “supremacia branca” de Long dando conselhos ao atleta negro considerado “inferior”.
Luz Long e Jesse Owens
Conhecido como “O Ruivo Voador”, Monti foi um dos melhores atletas de esportes de inverno da Itália. Durante dos Jogos Olímpicos de Innsbruck, em 1964, ele acabou colocando seu nome na história do esporte ao ganhar dois bronzes. O primeiro foi no trenó em dupla: antes da final, os britânicos Tony Nash e Robin Dixon quebraram um parafuso de seu trenó e não poderiam participar. Monti emprestou um parafuso de seu próprio trenó e viu a equipe adversária ganhar o ouro.
Por ter recebido muitas críticas da imprensa italiana, Monti retrucou: “Eles não venceram porque eu dei um parafuso, eles venceram porque foram mais rápidos”. Depois, na final em equipe do trenó, mais um ato de generosidade: a equipe canadense teve o eixo do trenó danificado, e sem a ajuda de Monti e dos mecânicos da Itália não teriam podido competir. O Canadá acabou ficando com o ouro e a Itália novamente com o bronze. Por conta de seu espírito olímpico, Monti foi agraciado com uma medalha Pierre de Coubertin.
Eugenio Monti
O iatista canadense tinha reais chances de medalha durante a competição na classe Finn, nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul. Durante a quinta das sete regatas, Lemieux era segundo colocado geral da competição individual quando viu a dupla de Cingapura, que competia no mesmo momento, sofrer um acidente e cair no mar.
Sem pensar duas vezes, Lemieux saiu da rota e foi ao resgate de Joseph Chan e Siew Shaw. O mar na ocasião estava bem agitado, e ambos os atletas estava feridos. Ele salvou a vida de ambos e esperou até a chegada do socorro oficial antes de retornar à sua própria regata, terminando em 22º. O pódio não aconteceu, mas Lemieux foi agraciado com a mais alta honraria do COI.
Lawrence Lemieux
Em Atenas, Vanderlei estava liderando a maratona masculina faltando 7 km para o final, com uma vantagem de aproximadamente 30 segundos do próximo atleta. Porém, o ex-padre irlandês Cornelius Horan saltou do meio do público e atacou o brasileiro, derrubando-o. Vanderlei foi ajudado por um torcedor grego a se levantar, mas perdeu sete segundos nesse interim.
Apesar de ter retornado à corrida ainda em primeiro lugar, o susto e a perda de tempo tiraram a concentração de Vanderlei, que acabou a maratona com a medalha de bronze. Como o resultado da competição era incerto mesmo se o ataque não tivesse acontecido, o COI não mudou o pódio, mas concedeu a Vanderlei uma medalha Pierre de Coubertin. Nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, o corredor foi o escolhido para acender a pira.
Vanderlei Cordeiro de Lima exibe a medalha Pierre de Coubertin