Artes/cultura
18/03/2018 às 10:00•3 min de leitura
Em filmes ou documentários, o deserto australiano geralmente aparece como uma grande planície quente e árida, mas existem também formações rochosas que se destacam. Um delas é o monólito de Uluru, estrutura geológica que se caracteriza por ser um único maciço de rocha.
Com mais de 300 metros de altura e 9,4 quilômetros de circunferência, sua imponência fez com que fosse considerado sagrado por tribos aborígenes que habitavam a região há mais de 10 mil anos, tanto que seu nome vem desse povo.
Quando o explorador Willian Gosse chegou à região, em 1873, batizou o maciço como Ayers Rock, em homenagem a Sir Henry Ayres, figura pública importante na época. Por isso, a formação possui dois nomes, Ayers Rock ou Uluru, sendo o segundo mais popular e conhecido mundialmente.
O Uluru é considerado como um lugar sagrado pelos Anangu, tribo aborígene que habita a região há aproximadamente 10 mil anos. De acordo com o site Uluru Australia, “A cultura aborígene diz que o Uluru foi formado por seres ancestrais durante seus sonhos. As várias fissuras e cavernas são indicadas como provas disso, e estruturas ao redor da formação são apontadas como representação dos espíritos ancestrais. Rituais são feitos até hoje nas cavernas próximas da base, onde existem placas alertando que é proibido fotografar, por respeito ao lugar sagrado”.
O monólito fica na região da formação geológica de Kata Tjuta, que foi transformada em parque nacional há alguns anos. Com isso, aumentou o número de turistas, que faziam até escaladas até o topo da formação. Houve muita discussão sobre o assunto, pois os Anangus seriam os donos por direito do Uluru, e após anos de disputas judiciais conseguiram os direitos sobre a região.
O turismo não foi barrado, e essa nem era a ideia inicial, mas agora o passeio até o topo do Uluru foi proibido, assim como outras atividades que, na visão da tribo, desrespeitam a área sagrada.
A Austrália pode ser considerada o lar dos maiores monólitos do mundo; o maior é o Monte Augustus, localizado na região oeste do país. O Uluru vem em segundo lugar, mas mesmo assim impressiona por sua imponência numa região plana e com pouca vegetação. Inicialmente, toda a região era montanhosa, mas, pelo fato de sua composição ser de rocha maciça, ele resistiu a chuvas e ventos durante milhões de anos, enquanto a paisagem ao seu redor foi se tornando o que é hoje.
Close da superfície do Uluru
Além do tamanho, a cor é algo surpreendente. Ela se deve à grande concentração de ferro na composição da rocha, que em virtude das condições atmosféricas locais oxida e gera o tom avermelhado que vemos nas fotos.
O grande Uluru possui, acima da superfície, 348 metros de altura e circunferência aproximada de 9,4 quilômetros, mas esse é só um pequeno pedaço da formação. Abaixo da superfície, estima-se que ele possua 863 metros de profundidade!
O parque nacional Uluru-Kata Tjuta foi reconhecido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como um patrimônio natural e cultural ao mesmo tempo. Além de seu valor geológico, a cultura presente atavés dos aborígenes desde suas origens transforma a região num local de grande importância mundial.
Uma viagem para a Austrália não se faz em um fim de semana, nem é tão barata. Felizmente, algumas rotas estão disponíveis no Google Street View. As imagens foram registradas por pessoas caminhando com uma câmera específica, colocada dentro de uma mochila e mostrando o ponto de vista de quem visita a formação. Pela internet você consegue visualizar aproximadamente 40% da formação e dos arredores.
Também está disponível um mapa online interativo, onde é possível percorrer os caminhos utilizados por turistas, enquanto ouve dos próprios Anangus o significado cultural de alguns pontos da trilha (somente em inglês).