Estilo de vida
18/01/2019 às 14:00•3 min de leitura
O estresse — dentro de um limite aceitável, é claro — é algo normal na vida de todo ser humano. Problemas familiares, prazos apertados no ambiente profissional, dezenas de contas para pagar… A vida de um adulto é cheia de elementos estressantes, e às vezes não é nada fácil lidar com eles. Porém, todos nós sabemos que estresse em excesso é algo perigoso sobretudo para mulheres grávidas. No início da gestação, por exemplo, passar por um nervosismo extremo pode até mesmo causar um aborto espontâneo.
O que você provavelmente não sabia é que, mesmo se a futura mamãe não sofrer com tal condição extrema, o estresse acumulado ao longo dos 9 meses pode gerar efeitos colaterais graves para o novo membro da família. Quer alguns exemplos? Separamos cinco consequências de se estressar em demasia durante a gestação. Se você for a mãe em questão, leia-os e aprenda a ficar mais tranquila; se não for, aprenda sobre tais riscos e ajude sua parente/amiga a se manter o mais calma possível.
É natural que as futuras mamães passem a gravidez inteira preocupadas com a saúde de seu filho — porém, paradoxalmente, essa preocupação gera estresse e pode causar o efeito contrário! A ansiedade e o nervosismo aumentam a produção de hormônio liberador de corticotrofina (conhecido cientificamente pela sigla CRH), que, como seu nome sugere, é um hormônio que influencia a duração da gravidez e a maturação fetal. Em outras palavras, em excesso, ele pode causar o nascimento prematuro do bebê.
Como consequência, o pequenino pode ser gerado desnutrido e com baixo peso, acarretando complicações em sua saúde. Aliás, vale a pena observar que os 3 primeiros meses são os cruciais para determinar essa questão — sendo assim, a mamãe precisa ficar de repouso absoluto e evitar ao máximo se estressar no primeiro trimestre da gestação (o que não significa, claro, que o nervosismo esteja liberado ao longo dos outros meses).
O cortisol é um hormônio que ajuda o organismo a controlar o estresse — ou seja, ele geralmente é o mocinho da história. Porém, quanto maior o estresse, mais o nosso corpo libera cortisol, e essa substância em excesso pode reduzir o quociente de inteligência (QI) de uma criança que está sendo gerada. Normalmente, a placenta produz enzimas que bloqueiam esse hormônio, mas ela não consegue fazer esse trabalho caso a quantidade de cortisol seja maior do que aquela com que ela consegue lidar.
Um estudo da Wayne State University mostrou que o estresse maternal influencia a conectividade cerebral e a organização dos sistemas das funções neurais, tornando-os menos eficientes. Isso acontece porque a central de resposta ao estresse é um dos primeiros locais a serem desenvolvidos em bebês, o que deixa os fetos bem mais suscetíveis a “sentir” o estresse sofrido pelas mães.
Um estudo realizado em 2007 relacionou o estresse materno e a qualidade de sono das crianças, ao examinar bebês de 6, 18 e 30 meses. Surpreendentemente, os pequeninos cujas mães sofreram com ansiedade em excesso durante a gestação tiveram distúrbios de sono entre os 18 e 30 meses de vida, acordando com maior frequência e tendo maior dificuldade para pegar no sono. Novamente, o grande culpado é o excesso de cortisol, que afeta o ritmo circadiano dos bebês.
Já outro estudo mais recente, conduzido em 2014, confirmou que o estresse materno pode fazer com que as crianças se tornem mais suscetíveis a doenças em geral e tenham uma imunidade mais fraca do que as outras. Os resultados da pesquisa mostraram que os bebês que sofreram com ansiedade dentro da barriga das mamães têm mais riscos de contraírem infecções e desordens psicológicas. Também é possível que os problemas se manifestem na visão, na audição, no aparelho digestivo e no sistema respiratório.
Aliás, uma curiosidade: os cientistas também encontraram ligações entre o estresse e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, sendo que a ansiedade é uma influência maior do que o fumo (que, até então, era considerado uma das principais causas para tal condição).
Por fim, como se não bastasse, a ansiedade e o estresse sofrido pelas mães também podem acabar sendo transferidos para as crianças. Um experimento feito pela Dra. Elysia Davis, da Universidade de Denver, mostrou que os bebês que “herdaram” essas características da progenitora demonstram mais medo do que o comum quando são expostos a desafios simples, como ver uma pessoa estranha entrando em uma sala ou até mesmo uma bola de brinquedo rolando em sua direção.
Além disso, essa condição pode se estender até a época da escola, com os pequeninos tendo mais medo do que o comum de ir para o local de ensino e tendo dificuldades para se relacionar com os coleguinhas.