Ciência
25/04/2019 às 10:19•2 min de leitura
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado, recuperaram mais de 600 hectares de Mata Atlântica da Reserva Particular de Patrimônio Natural Fazenda Bulcão, em Aimorés, Minas Gerais.
Créditos: Weverson Rocio
O projeto teve início após Sebastião Salgado retornar da Ruanda, onde fotografou o terrível genocídio da população local. Cansado fisicamente e emocionalmente, ao voltar para o Brasil no final dos anos 90, o fotógrafo encontrou, em sua cidade natal, uma enorme área prejudicada pelo desmatamento. “A terra estava tão doente quanto eu, tudo havia sido destruído”, explicou Salgado em entrevista ao The Guardian em 2015. “Apenas cerca de 0,5% da terra estava coberta de árvores. Então minha esposa teve uma ideia fabulosa de replantar esta floresta. E quando começamos a fazer isso, todos os insetos, pássaros e peixes retornaram e, graças a esse aumento das árvores, eu também renasci - este foi o momento mais importante”, disse Salgado.
O casal então decidiu fundar o Instituto Terra, uma organização ambiental dedicada ao desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce. Desde 1998, a instituição plantou cerca de 4 milhões de mudas no local e assim o sonho do casal se tornou realidade nos 20 anos seguintes. Ao todo, cerca de 172 espécies de aves retornaram, além de 33 espécies de mamíferos, 293 espécies de plantas, 15 espécies de répteis e 15 espécies de anfíbios. “Talvez tenhamos uma solução", disse Salgado. “Há um único ser que pode transformar CO2 em oxigênio, que é a árvore. Precisamos replantar a floresta. Você precisa de florestas com árvores nativas, porque se você planta espécies que não pertencem àquela floresta, os animais não vêm e a floresta fica em silêncio”, explica Salgado.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, desde 1990, uma área de 129 milhões de hectares de florestas foi definitivamente perdida, o equivalente ao tamanho da África do Sul. Além disso, uma área aproximadamente do tamanho do Paraná está se perdendo anualmente desde então. Isso significa que milhares de espécies de fauna e flora estão desaparecendo, algumas sem mesmo sabermos que existem. “Se não tivermos algum tipo de retorno espiritual ao nosso planeta, temo que seremos comprometidos", finalizou o fotógrafo.