Ciência
24/07/2020 às 07:05•2 min de leitura
As sociedades gregas antigas são estudadas por muitos, sendo consideradas pioneiras em muitas áreas, além do berço da filosofia e democracia. E um novo estudo apontou que a Grécia Antiga também foi uma das primeiras a apresentar o uso de rampas de acesso.
A grande maioria dos antigos templos de cura gregos tinham rampas que levavam à sua entrada e, segundo um novo estudo no periódico Antiquity, elas serviam para auxiliar pessoas com deficiências a entrar nestes locais.
Um Santuário de Asclépio com uma rampa de acesso. (Fonte: John Svolos/Antiquity/Reprodução)
O trabalho foi publicado por Debby Sneed, da Universidade Estadual da Califórnia, e aponta que boa parte dessas construções se apresentavam em locais muito frequentados por pessoas com problemas de mobilidade.
Para a autora, esse ponto indica que existe uma forte possibilidade dessa acessibilidade ter sido planejada com o intuito de facilitar para esses indivíduos a entrada aos templos de cura. O mais impressionante era que essas rampas eram construídas sem a necessidade de uma lei para isso, gerando, assim, a pergunta de o porquê dos gregos terem as construído.
Para entender este mistério é preciso lembrar que essas rampas estavam disponíveis nos templos de cura. Nestes locais, pessoas enfermas e com deficiências iam pedir para Asclépio, o deus grego da medicina, a benção e a solução para seus problemas. Segundo Debby, sabe-se que um destes santuários continha inúmeros membros falsos do corpo humano, provavelmente como formas de oferendas para o deus.
Além disso, a deficiência também aparecia na mitologia grega. Hefesto, o deus da metalurgia, dos ferreiros e da alvenaria de pedra, nasceu com um problema na perna e era manco.
Isso mostra uma preocupação dos gregos antigos em manter esta parte de sua população incluída em sua sociedade, afinal, em Atenas, os desabilitados recebiam um auxílio do governo por não poderem trabalhar. Existe também o caso de um vaso que apresenta um senhor com dificuldades de mobilidade utilizando um pedaço de madeira como bengala.
O vaso apresentando uma pessoa com dificuldades de mobilidade. (Fonte: The Metropolitan Museum of Art, New York/Reprodução)
Debby Sneedy acredita que a Grécia não era um ambiente justo e utópico, mas é possível concluir que eles já se preocupavam com questões de inclusão que só entrariam realmente em foco muitos anos no futuro.