Artes/cultura
28/03/2021 às 11:00•2 min de leitura
O magnata Henry Ford, criador da fabricante de automóveis Ford Motor Company, sempre foi um homem ambicioso – o que podemos ver em sua tentativa de criar a Fordlândia, uma utopia industrial no meio da Amazônia. Com a chegada do século XX, depois de já ter se consolidado como o responsável por criar o primeiro automóvel ao alcance da classe média, o homem entendeu que era o momento de partir para a sua próxima paixão na vida: aviões.
Na época, o mercado da aviação estava em seu apogeu, principalmente por causa dos aviões bimotor para uso particular. Em 1925, Henry conseguiu lançar com sucesso o seu primeiro empreendimento aéreo: o Ford Trimotor (ou Ford T), que servia para fins comerciais e militares. No ano seguinte, Henry propôs a William Bushnell Stout, gerente da divisão de aeronaves da Ford, a criação do Ford Flivver, o sucessor ao Ford T, com o intuito de que ele fosse um avião “popular” para produção e comércio em massa.
A ideia era que a aeronave monoposto (de assento único) coubesse dentro de seu escritório de tão compacta que seria. No entanto, Stout e os demais chefes de engenharia não concordaram com o projeto de Henry, mas o homem seguiu em frente mesmo assim.
(Fonte: Jornal dos Clássicos/Reprodução)
A partir das instruções de Henry, o Ford Flivver foi construído por Otto Koppen e Helio Courir em um prédio ao lado dos laboratórios da Ford. O resultado foi uma aeronave feita com uma fuselagem inteira em metal soldado, que ressaltava o aspecto de “carro voador” – que era a verdadeira ambição de seu criador.
O protótipo do avião foi apresentado no Ford National Reliability Air Tour, em 30 de julho de 1926, com a imprensa e o público ansiosos para ver a nova invenção do visionário da Ford. Charles Lindbergh foi o piloto convidado para fazer o voo inaugural, e ele descreveu que o Ford Flivver era uma das "piores aeronaves que ele já voou na vida".
Henry trabalhou duro em seu Ford Flivver por mais 2 anos, até que alcançasse a terceira versão dele, considerada a mais refinada. Como era de costume, o magnata convidou o jovem Harry J. Brooks, que ele considerava como um filho, para lançar oficialmente o Flivver para a imprensa e o mundo.
(Fonte: FliegerWeb/Reprodução)
No final da tarde de 25 de fevereiro de 1928, Brooks pousou na cidade de Titusville, na Flórida, após um voo de 930 milhas a bordo do Flivver, batendo um recorde para aeronaves com menos de 40 cavalos de potência. O voo fazia parte de um dos últimos testes antes do lançamento, e Henry não poderia estar mais feliz.
Brooks consertou um vazamento de gás e substituiu uma hélice antes de embarcar de novo e voar em direção à Miami. Ele nunca voltou à sede da Ford, e apenas os destroços do Flivver foram encontrados no dia seguinte. O cadáver dele nunca foi localizado.
A tragédia destruiu Henry Ford emocionalmente em aspectos o suficientes para que ele cancelasse a produção da aeronave. De acordo com Harold Hicks, engenheiro-chefe de aviões da companhia, o empresário nunca mais foi o mesmo, assim como o seu entusiasmo por qualquer coisa.