Artes/cultura
22/05/2021 às 10:00•2 min de leitura
Às 20h37 de uma quarta-feira, 13 de julho de 1977, um raio atingiu a subestação do Rio Hudson, em Nova York, Estados Unidos, e desarmou dois disjuntores da Buchanan South, parte da usina Indian Point. Uma mecanismo de paralisação solto combinado com o ciclo de atualização de ação lenta evitou que o disjuntor religasse e fizesse a energia fluir novamente. Naquela época, a Buchanan convertia 354 mil volts de eletricidade em tensão mais baixa para uso comercial.
Cerca de 18 minutos depois, um segundo raio causou a perda de duas linhas de transmissão de 345 mil volts, desarmando toda a usina Indian Point, responsável por fornecer 900 MW. Uma vez que duas outras linhas de transmissão principais ficaram sobrecarregadas, a Consolidated Edison, fornecedora de energia para Nova York e parte do condado Westchester, não conseguiu estabelecer uma estação de início rápido às 20h45, pois não havia ninguém a operando no momento.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Dez minutos depois, outro relâmpago destruiu duas linhas de transmissão da subestação de Sprain Brook, em Yonkers, fazendo com que a queda dessas linhas arruinasse tudo de vez. A Consolidated Edison começou a desabilitar todos os sistemas de fornecimento automaticamente para evitar uma catástrofe até que o erro pudesse ser reparado de maneira manual.
Às 21h30, começou o pior apagão que Nova York já enfrentou, e que durou 25 longas horas.
(Fonte: Meio Norte/Reprodução)
O episódio aconteceu bem quando a cidade enfrentava uma grande crise financeira, sofrendo com uma desaceleração econômica prolongada, enquanto a sociedade estava em completo pânico com os assassinatos do serial killer David Berkowitz, conhecido como "Filho de Sam".
As pessoas não conseguiram voltar para a casa, ficando presas em bares, restaurantes, terminais, dentro de trens e vagões do metrô. Todo mundo queria ir embora, mas ninguém se sentia seguro o suficiente para andar pelas ruas no completo breu, ainda mais sabendo o que poderia acontecer: crimes.
(Fonte: Wired/Reprodução)
Em lugares como Bushwick e partes do Bronx, a falta de energia levou a uma "onda" de assaltos desenfreada e de modo mais violento, apesar de 31 bairros da cidade terem sido afetados pelos criminosos. Só em Crown Heights, 75 lojas foram destruídas e saqueadas, sendo que no estado inteiro mais de 1.600 foram invadidas.
Na manhã seguinte, mais de mil focos de incêndio criminoso queimavam por Nova York. Cerca de 550 policiais ficaram feridos tentando conter o caos que as ruas se transformaram. Estima-se que aproximadamente 4.500 ladrões foram presos.
Em um período de tensão econômica, o blecaute de 1977 custou mais de US$ 300 milhões para a cidade. O processo de recuperação foi demorado, com alguns lugares levando anos para se restabelecer.
Após ser processada pelo Estado, a Consolidated Edison investiu em equipamentos mais sofisticados e alterou seus procedimentos falhos para que aquele tipo de situação nunca mais se repetisse.