Como e por que um voo internacional é interceptado por militares?

24/05/2021 às 11:213 min de leitura

No domingo (23), uma aeronave da companhia irlandesa Ryanair, que voava de Atenas Para Vilnius, capital da Lituânia, foi interceptada por um caça de combate da Bielorrússia. Alegando uma ameaça de bomba a bordo, o Boeing 707-800 foi escoltado até o aeroporto de Minsk, por ordem do presidente e Aleksandr Lukashenko.

No entanto, o que se viu no aeroporto da capital bielorrussa foi a invasão do avião por autoridades do país, para prenderem o jornalista Roman Protasevich, que é perseguido pelo regime de Lukashenko e se encontrava a bordo. O bizarro acidente e a prisão do blogueiro causaram indignação internacional e já começam a provocar algumas reações.

Polícia bielorrusa prende Roman Protasevich  em um protesto em Minsk (Fonte: Sergei Grits/AP/Reprodução)Polícia bielorrusa prende Roman Protasevich  em um protesto em Minsk (Fonte: Sergei Grits/AP/Reprodução)

A ação foi denunciada como “sequestro” pela líder da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tsikhanouskaya. Os 170 passageiros de 12 nacionalidades ficaram retidos por quase sete horas em Minsk, até prosseguir viagem, deixando para trás Protasevich e também sua namorada, que pode ter sido presa de acordo com a oposicionista ao regime do presidente.

Protasevich, de 26 anos, é o criador de dois canais do Telegram, o Nexta e o Nexta Live, com 1,2 milhão e 2 milhões de assinantes respectivamente, baseados na Polônia. Acompanhados por oposicionistas de Lukashenko, as duas redes organizaram os protestos pela democracia ocorridos no ano passado na Bielorrússia, e são tachadas de “extremistas” pelo presidente. 

Quando um voo comercial pode ser interceptado por militares?

UM F-16 da Guarda Nacional do Arizona fazendo uma abordagem (Fonte: Air & Space Magazine/Reprodução)UM F-16 da Guarda Nacional do Arizona fazendo uma abordagem (Fonte: Air & Space Magazine/Reprodução)

As interceptações de voos ocorrem quando aviões de passageiros entram no espaço aéreo de um determinado país, e não respondem, ou não se comunicam com os controladores de tráfego aéreo. Sem resposta, e temendo atentados terroristas como o de 11 de setembro nos EUA, os órgãos de defesa geralmente enviam para o local um par de aviões de combate, com uma carga útil de combate ar-ar.

Normalmente, o que se segue é uma abordagem de alerta com uma mensagem em alto volume avisando, por exemplo: “Este é um F-16 armado da Força Aérea dos Estados Unidos. Você está violando o espaço aéreo restrito. Você precisa de alguma ajuda?”.

Se mesmo assim não ocorrer nenhuma resposta, os caças irão retornar minutos depois, desta vez com uma “cabeçada”, que consiste em surgir à frente do nariz do intruso a pouco mais de um quilômetro, com mensagem mais incisiva: “Você foi interceptado. Por favor, reconheça ou balance suas asas”.

O que ocorreu na Bielorrússia?

Mas não foi isso o que ocorreu com o avião da Ryanair. A ação realizada tem poucos precedentes até hoje, e foi definida por Simon Covency, ministro das Relações Exteriores da Irlanda, à agência Reuters: "Isto foi de fato pirataria aérea patrocinada pelo Estado".

O chefe do Comitê das Relações Exteriores do Parlamento britânico, Tom Tugendhat, foi além. Destacando tratar-se de um voo entre dois países membros da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o diplomata resumiu: "Se não é um ato de guerra, certamente é como um ato de guerra".

A Bielorrússia se defendeu, afirmando que reagia a uma possível ameaça de bomba no voo, que se revelou falsa. Nesta segunda-feira (24), um porta-voz do governo declarou que os seus controladores de voo deram apenas orientações ao avião e que em momento algum ordenaram que ele pousasse.

A reação da comunidade internacional

Fonte: EU Council Press/Twitter/ReproduçãoFonte: EU Council Press/Twitter/Reprodução

No entanto, os líderes da União Europeia, bem como os Estados Unidos, fizeram uma condenação veemente à atitude do governo da Bielorrússia. Segundo a Reuters, o primeiro-ministro belga Alexander de Croo afirmou que "a reação deve ser rápida e severa", pouco antes da reunião entre 27 líderes nacionais, que estão reunidos em Bruxelas para discutir um pacote para discutir temas urgentes pós-pandemia. 

Além de sanções econômicas ao país do leste europeu, o incidente já está mudando os padrões de tráfego aéreo na Europa, com diversas linhas anunciando que não mais irão sobrevoar o espaço aéreo bielorrusso. 

Nesse sentido, o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, disse ter enviado um pedido oficial à Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) para suspender todos os voos sobre a Bielorrússia, bem como solicitando o banimento da companhia aérea estatal do país de todos os aeroportos europeus. 

O chefe da Ryanair, Michael O'Leary, também se referiu sobre o incidente como um sequestro com patrocínio estatal. Segundo o executivo, alguns agentes de segurança da KGB (a Bielorrússia mantém o nome da antiga agência de espionagem soviética) estavam no fatídico voo e desembarcaram em Minsk.

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