Ciência
16/06/2021 às 14:00•2 min de leitura
Nascida Helen Louise Hulick Beebe, em 27 de dezembro de 1908, em Easton, na Pensilvânia, ela dedicou boa parte de sua carreira acadêmica ao ensino. Em 1929, tonou-se professora pela Wellesley College, e no ano seguinte pegou seu PhD em ensino para surdos – o que lhe foi útil para fundar seu centro de fala e audição anos mais tarde.
Em 1938, em Los Angeles, a renomada terapeuta auditivo-verbal teve sua propriedade roubada por dois homens, sendo convocada para testemunhar contra eles no tribunal. Quando entrou na sala, em 9 de novembro de 1938, Hulick foi imediatamente parar nas manchetes do país inteiro, causando uma revolução apenas por estar usando calças.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Naquela época, as calças não eram populares entre as mulheres, ainda que figurassem em desfiles de moda – que já eram o suficiente para render críticas e olhares de assombro. Quando repreendida pelo juiz Arthur S. Guerin, que alegou que a veste "tirava muito a atenção das questões legais", Hulick disse que estava usando as calças apenas porque eram mais confortáveis.
O magistrado se recusou em continuar a sessão, remarcando-a para outro dia, quando a mulher estivesse "vestindo uma roupa mais aceitável". Ultrajada, no dia seguinte, Hulick denunciou publicamente o comportamento de Guerin para a mídia.
“Eu vou defender os meus direitos de usar o que quiser”, disse ela em entrevista ao Los Angeles Times. “ Se ele me mandar colocar um vestido, eu não o farei. Gosto de calças compridas. Elas são confortáveis”, enfatizou a professora, desafiando a estrutura altamente machista de toda uma sociedade.
(Fonte: Vintage Everyday/Reprodução)
De volta ao tribunal em 14 de novembro, Hulick apareceu com uma camisa laranja e calças verde-escuras, desafiando o juiz Guerin, que mais uma vez remarcou a audiência, só que dessa vez com um aviso: “Volte de calças compridas mais uma vez e enfrente a pena de prisão”.
Do lado de fora da corte, Hulick declarou aos repórteres, ávidos por uma notícia: “Eu uso calças desde os 15 anos. Se ele quer que eu apareça em um vestido formal, tudo bem, eu voltarei de calças compridas mesmo assim. E se ele mandar me prender, espero que ajude a libertar as mulheres para sempre do anti-slackismo”.
(Fonte: All That's Interesting/Reprodução)
Hulick voltou no dia seguinte usando calças e foi presa, como o juiz Guerin havia determinado, condenando-a a 5 dias de prisão por desacato ao tribunal, e sendo forçada a usar um vestido feito de brim.
No entanto, o caso dela foi parar no Tribunal de Apelação, que anulou a decisão do magistrado e decretou que Hulick poderia usar o que quisesse na próxima audiência. Em 17 de janeiro de 1939, para surpresa de todos, ela entrou no tribunal em um vestido longo formal.
Helen Hulick se tornou um poderoso ícone de libertação, enquanto o juiz Guerin morreu na obscuridade em 1963, sendo lembrado apenas como um retrato dúctil da desigualdade de gênero e pensamento conservador e hostil da época.