Esportes
03/07/2021 às 06:00•2 min de leitura
Em meio à sangrenta e longa Guerra do Vietnã, que começou em 1 de novembro de 1955 e terminou em 30 de abril de 1975, o fragging ("fragmentação" em português) surgiu como uma maneira de mostrar de que maneira os soldados, principalmente os americanos, estavam se sentindo: cansados, abandonados e injustiçados em um conflito que parecia não ter fim.
O nome foi cunhado da granada de fragmentação, que poderia matar um oficial sem deixar nenhum rastro, visto que o projétil era destruído com todas as impressões digitais. Além disso, essas granadas individuais também não recebiam números de série exclusivos, impedindo que fosse descoberto de qual esquadrão e indivíduo a granada pertencia.
As granadas eram lançadas sobre tendas ou roladas para debaixo das camas de um oficial enquanto ele estivesse dormindo. Os vietcongues também usaram a tática, mas contra os próprios norte-americanos, que ficaram sem saber de onde vinha o ataque.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
A prática do fragging era mais comum no Exército e no Corpo de Fuzileiros Navais, já que a Marinha e a Força Aérea tinham menos acesso às granadas e armas do que os demais. É possível que os soldados começaram esse movimento amotinado de retaliação após a Ofensiva do Tet, entre janeiro e fevereiro de 1968, quando a Guerra do Vietnã se tornou ainda mais impopular nos Estados Unidos.
Ao longo do conflito, houve 800 atos de fragging documentados, embora historiadores trabalhem com a possibilidade de que mais de mil tenham acontecido. Os arquivos do Exército dos EUA relataram 305 incidentes entre 1969 e 1970, em contraste com o cálculo feito pelos autores Richard A. Gabriel e Paul L. Savage, indicando que o fragging causou 86 mortes e deixou 715 militares feridos, em sua maioria oficiais e sargentos.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Em seu livro, Fragging: Por que os Soldados dos EUA Atacaram Seus Oficiais no Vietnã, o historiador George Lepre ressaltou que o ato foi um dos motivos pelos quais os Estados Unidos perdeu a guerra. Os soldados não enxergavam nenhum propósito no conflito, principalmente porque faziam parte de um sistema compulsório de recrutamento.
Em 1973, o Exército mudou o processo de alistamento militar para algo voluntário, pensando que um exército composto inteiramente de soldados que desejavam se dedicar a sua pátria elevaria a moral, o apoio e a disciplina. Eles combinaram isso com os processos de triagem rígidos para separar os viciados e os psicologicamente estressados.
(Fonte: The Ofy/Reprodução)
Apesar de a "epidemia" de fragging ter acabado com a implementação desses métodos, a prática continua a existir, com incidentes documentados nas guerras do Afeganistão e do Iraque.