Ração vendida na Europa possui bactéria resistente a antibióticos

13/07/2021 às 05:002 min de leitura

As rações para cachorro vendidas pela Europa têm se demonstrado um verdadeiro risco para a saúde pública. De acordo com um novo estudo apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID) de 2021, os alimentos crus destinados aos animais de estimação são grande fonte de bactérias super-resistentes a antibióticos. 

O estudo produzido por pesquisadores da Universidade do Porto, em Portugal, demonstrou que as bactérias encontradas nos alimentos são bem semelhantes àquelas em pacientes hospitalares espalhados por leitos por diversos países do continente. Na visão dos cientistas, o aumento de pessoas alimentando cães com comidas cruas pode estar contribuindo para o surgimento de um problema de saúde grave.

Bactérias resistentes

(Fonte: Pixabay)(Fonte: Pixabay)

Infecções por conta de bactérias resistentes a medicamentos matam, em média, 700 mil pessoas no mundo todo, é o que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, estima-se que esses números possam aumentar para 10 milhões de óbitos por ano caso nada seja feito até 2050, o que classifica esse como um dos maiores riscos para a humanidade.

Para descobrir a origem do problema envolvendo a ração, as pesquisadoras Ana R. Freitas, Carla Novais, Luísa Peixe e seus colegas avaliaram diversos alimentos para cachorro presentes em supermercados e pet shops espalhados pela Europa na busca pela Enterococci — um gênero de bactéria que vive nas vísceras dos seres humanos e animais causando infecções que podem se espalhar para o resto do corpo.

Ao todo, foram 55 exemplares de alimento de 25 marcas de ração diferentes, sendo 22 úmidos, 8 secos, 4 semiúmidos, 7 guloseimas e 14 congelados crus. Entre os alimentos congelados, incluía-se pato, salmão, peru, frango, cordeiro, ganso, carne bovina e vegetais.

Perigo iminente

(Fonte: Unsplash)(Fonte: Unsplash)

O estudo observou que 30 das 55 amostras coletadas deram positivo para a presença de Enterococci. Entre essas bactérias, 40% delas se mostrou resistente aos antibióticos eritromicina, tetraciclina, quinupristina-dalfopristina, estreptomicina, gentamicina, cloranfenicol, ampicilina ou ciprofloxacina.

Em 23% dos casos, as bactérias também se sobressaíam contra a ação de linezolida, um antibiótico utilizado como última via para situações em que outros medicamentos já fracassaram e considerado importantíssimo para a saúde pública pela OMS. Enquanto apenas três alimentos não-crus apresentaram bactérias, todas as amostras de ração crua continham espécies de Enterococci. 

Sendo assim, é possível que no futuro os cães transmitam essas bactérias super-resistentes para os seres humanos, causando uma grande ameaça à humanidade. Para os pesquisadores portugueses, é preciso que as autoridades aumentem a cautela sobre a administração de dietas cruas para animais de estimação e realizem um controle mais rígido de práticas de higiene e seleção de ingredientes. 

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