Artes/cultura
16/04/2022 às 12:00•2 min de leitura
De acordo com o Dicionário Bíblico de Smith, um dízimo, religiosamente falando, corresponde à proporção de propriedade destinada aos usos religiosos nos tempos antigos. O pagamento, doação ou devolução dos dízimos, como alguns preferem, é encontrado no texto bíblico antes mesmo da nomeação dos levitas, homens da tribo de Levi escolhidos por Deus para guiar o povo na adoração e cuidar dos templos.
A primeira menção ao dízimo na Bíblia ocorreu na passagem em que Abraão deu um décimo dos despojos conquistados em uma guerra ao rei-sacerdote de Salém, Melquisedeque (Gn 14:18-20). Neste caso, não foi uma imposição religiosa, mas sim uma ação espontânea de Abraão.
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A maioria das denominações religiosas, protestantes ou católicas, faz questão de ressaltar que o dízimo é uma forma prática de demonstrar a confiança em Deus, com a vida e as finanças. Mas como Deus não precisa do nosso dinheiro, o dízimo é, basicamente, para o benefício de quem o entrega, pois ao sacrificar parte de sua renda a pessoa aprende a confiar na divindade para o que der e vier.
Sendo assim, a principal finalidade dessa prática é atender as necessidades dos pastores, padres e sacerdotes, além de ajudar na manutenção e trabalhos da igreja local que, por sua vez, deveria auxiliar outras pessoas. Para os religiosos, a doação do dízimo encoraja o surgimento de um espírito generoso e grato.
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O dízimo é um tema bastante controverso e capaz de arruinar qualquer conversa de jantar. De um lado, estão os que defendem a sua obrigatoriedade com base em uma série de passagens bíblicas, ressaltando como Deus recompensa o dizimista.
Do outro, estão os que dizem que, além de não ser obrigatório, chega a ser imoral em vários casos, como exigir o dízimo de quem mal tem o que comer prometendo que “Deus devolverá tudo em dobro”. Os que são contra também se baseiam nos textos bíblicos. Para eles, a morte e ressurreição de Jesus constitui uma nova aliança com a humanidade, superior àquela feita por Deus apenas com o povo de Israel.
Além disso, não existe menção à quantia do dízimo em nenhum lugar do Novo Testamento, no sentido de ser 10% de tudo o que ganham. Porém, destaca o direito de quem ministra receber um sustento (1Co.9:14) e a responsabilidade das instituições religiosas em cuidar de necessitados, doentes e pobres.
Embora existissem outras pequenas finalidades ao dízimo no Antigo Testamento, a principal era manter o templo funcionando e ajudar no sustento dos sacerdotes, já que estes se dedicavam exclusivamente a Deus.
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Por isso, aqueles contras também observam que os tempos mudaram. Hoje, por exemplo, a maioria dos líderes religiosos pode trabalhar, ter empresas, fazer faculdade, investir no mercado, etc. Ou seja, o propósito de ajudar a quem só se dedicava a Deus e ao templo perde o sentido.
Existe ainda um ponto mais complexo: muitas igrejas recebem grande assistência dos governos e entidades privadas, algumas até são registradas e funcionam como uma empresa tradicional, com direito aos seus próprios bancos. Logo, não precisam ser mantidas por pessoas comuns.
Tem quem defenda que o dízimo deveria ser transformado em caridade, seja construindo casas para os féis necessitados, pagando tratamentos de doença ou transformado em sestas básicas. Mas nem sempre isso acontece.
Em Mateus 23:23, Jesus manifesta-se contrário a focar e dar tanto peso às regras do dízimo sem prestar atenção naquilo que é importante para a fé, de fato, como compaixão e justiça para com os nossos semelhantes.