Estilo de vida
21/10/2022 às 10:00•3 min de leitura
Artigos de museu e de galeria de colecionadores, as múmias estabelecem um vínculo interessante entre o presente e o passado da humanidade, detalhando práticas consideradas controversas por muito tempo.
Séculos após o estabelecimento da modernidade, os corpos embalsamados de antigos indivíduos egípcios foram relacionados a atividades para além da preservação e ofereceram potencial em outros departamentos da indústria, da arte e do estilo de vida social, sendo tratados com prêmios e com fascínio por entusiastas. Confira abaixo alguns usos curiosos para múmias nos séculos recentes da história humana!
(Fonte: Wikimedia Commons)
No início da era moderna na Europa, as pessoas utilizavam o betume das múmias embalsamadas como remédio. Até o final do século XVIII, o corpo humano era um agente terapêutico amplamente aceito: o material de preservação dos mortos era aplicado na pele ou misturado em bebidas como tratamento para hematomas e outras doenças.
A crença pode ter surgido por textos antigos de Plínio, o Velho (23 d.C. - 79 d.C.), bem como de estudos de Francis Bacon, que sugeriu "uma grande força em estancar o sangue” por parte da múmia.
(Fonte: Brett Boardman/Reprodução)
Até meados do século XIX, as múmias eram comumente exibidas em casa como objeto de desejo — geralmente na sala de estar ou no escritório e, ocasionalmente, em quartos.
Armazenados em cúpulas de vidro, os corpos antigos se destacavam como enfeites e adornos em residências de luxo, devido ao interesse comunitário em conhecer sobre o passado humano e ao valor agregado. Gustave Flaubert, renomado escritor de Madame Bovary, mantinha o pé de uma múmia em sua mesa.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Questão controversa entre estudiosos do papel, o uso de múmias na fabricação do material pode estar relacionadas às atividades industriais ocorridas nos Estados Unidos durante o século XIX.
As alegações são vagas, mas historiadores descobriram jornais e panfletos supostamente impressos em embrulhos de múmias. Essa relação refere-se a um período importante na economia norte-americana, devido ao boom dos materiais impressos ocorrido antes da chegada da polpa de madeira, na década de 1850.
(Fonte: KriveArt/ Getty Images)
Item clássico da arte de horror, múmias foram amplamente utilizadas como adereço de palco, com o intuito de chocar e oferecer mais realismo aos espectadores. Apesar disso, falsificações se destacaram em maior parte e ocupavam os estágios de teatro como se fossem registros originais.
Na década de 1920, por exemplo, a "Múmia de Luxor" surgiu em exibições por meio de um mágico chamado Tampa. De acordo com uma matéria do The New York Times, o artigo pertencia ao proprietário do teatro de vaudeville Alexander Pantages, supostamente envolvido em casos de picaretagem.
(Fonte: The Metropolitan Museum of Art)
Mumificados como forma de oferenda divina, os animais foram embalsamados aos milhões no Antigo Egito e eram sagrados para deuses como Thoth, Hórus e Bastete. Devido à abundância de múmias de gatos, empresas inglesas decidiram investir no negócio durante o século XIX, adquirindo os artefatos para fins agrícolas.
Estima-se que mais de 180 mil múmias de felinos foram adquiridas e posteriormente transformadas em fertilizantes, espalhando-se por campos na Inglaterra.
(Fonte: Perth Museum and Art Gallery)
Em 1823, o Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos, foi presenteado com um artefato incomum pela cidade de Boston. A múmia chegou ao ambiente clínico por meio de um comerciante holandês no início do século XIX para ajudar na arrecadação de fundos.
Após essa doação, o bem preservado Padihershef obteve cerca de US$ 0,25 por visitação e realizou tours pela região para que os interessados conhecessem uma das primeiras múmias egípcias humanas completas nos EUA.